Autoprazer libera endorfinas e melhora a autoestima
A masturbação é a essência do amor próprio e da autoconfiança, promovendo benefícios a saúde física e mental
Abordar temas relacionados ao amor próprio têm sido uma tendência global, dessa forma, priorizar a saúde individual é importante. Contudo, pouco se evidencia sobre o autoprazer nessa jornada, e ter conhecimento de como se satisfazer e explorar o corpo de diversas maneiras é a chave para melhorar seu relacionamento com você.
“Masturbação é autoconhecimento. E é mais importante do que a gente acredita”, explica a educadora sexual Laís Conter. A profissional ressalta que se trata de um momento individual de prazer, essencial para o aprendizado de como potencializar o orgasmo e identificar as sensações que intensificam a sensação de prazer. “Isso, por sua vez, ativa os circuitos de recompensa, resultando em uma sensação geral de relaxamento, felicidade, animação e bom humor para a pessoa”, completa.
Masturbação está ligada à saúde mental?
“Com certeza! Imagine sua saúde mental como a base de uma casa e sua sexualidade como uma das salas desta casa. Se a base está abalada, isso pode afetar todas as salas”, contou Laís. O ano se inicia com Janeiro Branco, mês que conscientiza sobre a relevância de cuidar do psicológico. Assim, conferir atenção ao autoprazer é o primeiro passo para o bem-estar de todas as outras áreas da vida.
De acordo com dados do Queensland Government , a masturbação libera endorfinas – hormônios que criam sensações de prazer e bem-estar. Logo, sua ação age como uma resposta ao estresse, melhorando o humor e proporcionando calma.
A prática regular da masturbação pode promover um sono mais tranquilo, uma vez que a liberação de dopamina e oxitocina ajuda a induzir um estado de relaxamento propício ao descanso. A autoexploração também pode fortalecer a conexão entre corpo e mente, promovendo uma imagem positiva do próprio corpo e aumentando a autoestima.
Estigma
Temas que envolvem sexualidade estão, cada vez mais, sendo desconstruídos pelo público. Porém, abordá-los com naturalidade, ainda não é uma realidade homogênea.
“Especialmente nós, mulheres, fomos pouco incentivadas a explorar o corpo por diversas razões. Normas culturais, falta de educação sobre sexualidade, falta de conhecimento sobre anatomia e prazer próprio, pressões sociais, questões de autoimagem, experiências traumáticas passadas, entre outros motivos podem contribuir para esse desconforto”, esclarece Laís.
A criação de barreiras criou uma imagem de julgamento em relação ao toque. É comum ouvir pessoas associando autoprazer a termos como “nojento” ou “desnecessários”. Esses paradigmas não apenas dificultam o debate sobre o tema, como impedem que mulheres se sintam livres para praticar o ato. O momento de sua ação deve consistir em um espaço pacífico e de segurança, que é interrompido pelos pensamentos consequentes dessas associações equivocadas.
Como superar esse posicionamento?
Apesar de estigmatizado, deixar a discussão do assunto de lado não é uma opção. Conter sugere que o primeiro passo é abrir-se e estar disposta a entender que não há erro em explorar sua própria intimidade.
“Não é pecado e nem deveria ser vergonhoso. Explorar o corpo e o próprio prazer é autocuidado e nos traz uma autonomia libertadora”, pontua a educadora.
Após assimilar essa proposição, é fundamental buscar ferramentas que auxiliem esse processo. Aprender sobre o funcionamento do corpo, seus possíveis pontos de prazer e quais são as formas de buscar esses estímulos, é um bom começo.
“Depois é partir pra ação, se permitindo experimentar sensações novas e desfrutar de toda potência que temos”, conclui.
Por onde começar?
Em resposta ao crescimento de debates sobre o tema, os sex shops, por exemplo, passaram a desenvolver itens focados no autoprazer da mulher, e entre vibradores em diferentes formatos até sugadores de clitóris, há opções para satisfazer todos os gostos.
“Não é só um vibrador. A nossa história é levar informação sobre como se masturbar, como comunicar e entender o que dá ou não prazer e, a partir daí, construir uma melhor qualidade de vida”, explica Luana Lumertz, sexóloga e proprietária do Egalité Sex Shop. A profissional reforça que um de seus principais objetivos foi trazer produtos que conferissem satisfação aos mais variados públicos.
Ao proporcionar uma variedade de sensações, os brinquedos sexuais podem ajudar a explorar diferentes formas de prazer, ampliando a compreensão do próprio corpo e preferências pessoais. Além disso, para muitas pessoas, seu pode ser uma ferramenta valiosa para a descoberta e compreensão de suas zonas erógenas, contribuindo para uma conexão mais profunda consigo mesmas.
Junto aos sex toys, a leitura de contos eróticos ou a visualização de vídeos que estimulam a sensualidade podem ser alternativas enriquecedoras para a experiência de autoprazer.
Estas atividades proporcionam um estímulo mental adicional, envolvendo a imaginação e criando um ambiente propício para a excitação, tendo, então, as leituras, o poder de despertar fantasias e criar narrativas personalizadas, o que permite uma conexão mais íntima com a própria sexualidade.
Da mesma forma, produções audiovisuais podem oferecer estímulos que complementam a exploração do prazer individual, e enngajar-se nesses meios não apenas acrescenta variedade à experiência, mas também pode contribuir para o autoconhecimento sexual, encorajando uma abordagem mais aberta e positiva em relação aos desejos pessoais.
Escrito por: Mariana do Patrocínio | Editado por: Letícia Virgínia