PFW: Principais destaques para o verão 2024
PFW – A semana de moda mais clássica, agitada e conceitual encerrou no dia 3 de outubro com coleções magníficas, desfiles emocionantes e tendências que com certeza vão bombar no verão 2024.
O desfile da Alexander McQueen contou com a despedida da ex-diretora criativa da maison, Sarah Burton, que ficou na casa por 26 anos. Houve também o triste, porém triunfal momento da Balmain, que logo após ter suas peças roubadas, realizou um desfile com muita maestria e uma linda coleção.
Além disso, a semana de moda parisiense contou com a despedida de Gabriela Hearst da Chloé em ritmo de festa. O desfile incluiu a bateria da escola de samba da Mangueira.
Agora, confira os principais destaques da PFW SS 2024
Pierre Cardin
Ambientado na sede do Partido Comunista da França, Pierre Cardin inicia a PFW com sua nova coleção, baseada na cor azul — em sua maioria índigo, inspirada no oceano e dedicada à proteção do planeta. “Temos que começar a pensar em como usar os oceanos para garantir nossa sobrevivência”, disse o Rodrigo Basilicati-Cardin, sobrinho-neto de Pierre. “O Plano B não é um planeta distante.”
A princípio, a coleção de Basilicati-Cardin teve casacos e vestidos adornados com círculos assimétricos, canalizando a vibração alfaiate futurista, um pouco semelhante à Star Trek e Jetsons. Com cores vibrantes do berinjela, azul mediterrâneo, até ao vibrante à là Hanna Barbera Productions e com alguns elementos de Op Art, que se estendia pela passarela azul profunda sob a cúpula, quase cavernosa, do edifício futurista projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Uma pegada ultra-leve, retrô, sensual — e comunista.
Agradando a poucos, talvez a desordem e a falta de uma pitada de diversão da coleção reflitam o atual estado da família.
Dior e suas declarações marcantes na PFW
Ambientada numa instalação cenográfica, de modo digital, feita pela artista Elena Bellatoni, o show SS24 da Dior na Semana de Moda de Paris, ofereceu uma poderosa expressão feminista. Com declarações marcantes, incluindo “I Don’t Belong To Anyone Else,” “My Body Is Not A Product” e “I Am Not Your Doll” expressadas nas paredes do local como referência as expressões sexistas feitas dentro e fora da indústria.
No entanto, o utilitarismo e o minimalismo fizeram um belo par, entre acabamentos e simetrias fluidas que colocaram a feminilidade em foco. Os designs revisitados do arquivo “witchy” de Christian Dior, colaboravam na construção, enquanto “Nothing Compares 2 U”, de Sinead O’Connor, cantora e colega ativista, que faleceu no mês de julho, era trilha sonora do desfile.
Chiuri traz os estereótipos presentes na sociedade, taxando mulheres como meras bruxas, perseguidas assim durante toda a história. Com um misto de contemporaneidade, a designer traça uma longa história desde as bruxas às parisienses do século XIX.
“É o lado negro da Dior!” Disse Maria Grazia Chiuri com um sorriso perfeitamente bruxo.
Saint Laurent
Já pensaram que um casaco de safari, além de ser utilitário pode se tornar uma peça fashion e usável no cotidiano? Em 1968, Yves Saint Laurent não só pensou, como criou a famosa jaqueta Saharienne.
É um choque para alguns quando mencionam que Yves Saint Laurent nasceu na África, mais especificamente na Argélia, mas foi de lá sua fonte de inspiração. Saharienne é uma versão sexy e feminina dos casacos, inicialmente usados pelos soldados ingleses na guerra na África do Sul.
Na PFW, Anthony Vacarello resgatou esse lado safari do legado de Yves Saint Laurent, mas é evidente que não seria da maneira clássica e previsível. Ele reconstruiu a peça, utilizando os bolsos, as cores neutras, como o bege, os botões e a silhueta mais acinturada.
Da selva ao ar. Foi inspirado também pelos pilotos aeronáuticos e trouxe óculos estilo aviador, lenços no cabelo, para proteger dos ventos, e luvas. Foi uma coleção sólida em termos de estrutura, e ao mesmo tempo fluída, que soube representar a musa Saint Laurent: uma mulher elegante, cheia de si, moderna, chique e madura.
Além de trazer a liberdade e a representação de peças que antes eram vistas como masculinas.
Rabanne
O diretor criativo, Julien Dossena resgata os códigos de Paco Rabanne com muito metalizado e brilho feitos com lamê, paetês e canutilhos para a nova coleção de verão 2024. Com uma pegada medieval, oriente médio ou até a era da Roma antiga, vemos franjas, braceletes, drapeados, capuzes, recortes e alfaiataria inusitada.
Por outro lado, as famosas gladiadoras na altura do joelho e sandálias de um dedo só também ganham destaque. A paleta de cor que transita entre o bege, branco, preto, dourado e prateado transmite um ar de glamour.
Por certo, em junho deste ano, a grife francesa fez um rebranding do nome da marca, fundada em 1966 pelo Paco Rabanne, que faleceu em fevereiro.
Isabel Marant
O desfile de Isabel Marant na PFW ocorreu na noite 28 de setembro, no Palais Royal. Marant disse à jornalista da revista Vogue Runaway, Amy Verner, que a coleção é caracterizada pela leveza.
Só para ilustrar, o Slip dress no comprimento mini, mini hot pants, looks monocromáticos, o couro, detalhes em renda, vestidos fluídos e com uma leve transparência, recortes, a polêmica calça cargo e parkas de comprimento longo e médio. A combinação do brilho da muscle tee com a calça disco pants, o vestido mini prateado, o vestido preto com recortes combinado com um maxi brinco prateados fazem referência a era do Indie Sleaze.
Além disso, o utilitarismo, ombros marcados e a dualidade do glamour com o minimalista ilustram a nova coleção de verão 2024.
Schiaparelli
Pode se dizer que o surrealismo é o sobrenome da marca Schiaparelli, desde o nascimento da Maison esse movimento está inserido na sua identidade. Isso é visto, principalmente, por meio dos acessórios, que são excepcionais.
Por mais que seja uma coleção com vestidos modernos, alfaiatarias e blazers, não deixou seu lado fantasioso mais artístico de lado. Daniel Roseberry, diretor criativo da Casa, mesmo disse, que seu objetivo era trazer looks do dia a dia de forma surpreendente. Logo, foi feito de maneira notável.
Foram peças clássicas, porém reconstruídas com códigos da Maison. Então, tivemos ombros exagerados, lagostas, fechaduras em diversos formatos, mamilos, músculos como estampa das bolsas e os famosos dedos dourados nos sapatos, criando o efeito Trompe-l’oeil.
Quando achamos que Daniel não podia nos fascinar mais, ele traz novidades: fita métrica como adorno de roupa e também no lugar de um colar, piercing exuberante, além do vestido de unha postiça, que Kendall Jenner usou para encerrar o desfile. Além de algumas referências históricas terem se juntado a essa coleção, por exemplo, o top de esqueleto branco do look 4, inspirado no Skeleton Dress feito pela Elsa Schiaparelli, em 1938.
Alexander McQueen
A PFW contou com a despedida de Sarah Burton da direção criativa da Alexander McQueen logo após 26 na Maison — 13 como diretora criativa e 13 como assistente. Em um desfile emocionante ao som de Heroes de David Bowie, Sarah dedica a sua coleção ao renomado estilista, Alexander McQueen.
Dessa forma, é notável que sua coleção é realizada com peças bem construídas e que transmitem poder, elegância e confiança. O vermelho, preto, branco, dourado e prata transmitem essa energia.
Aliás, as rosas, o couro, texturas, recortes, silhuetas inusitadas em corpetes esculturais e os decotes em V na alfaiataria estruturada criam este ar do poder feminino. As franjas — o protagonista da fashion week —, vestidos fluídos com decotes quadrados transmitem a leveza, enquanto os acessórios maximalistas davam aquele toque de glamour. Os batons vermelhos foram o elemento chave no quesito beauty.
Por fim, a super model, Naomi Campbell encerra o desfile em um lindo look prateado. Com certeza, foi um dos desfiles mais belos da temporada. Do mesmo modo, Sarah Burton deixa a sua assinatura na Alexander McQueen com muita destreza e sempre será lembrada pela sua mente criativa. Vamos aguardar seus próximos passos.
The Row
Antes de mais nada, desde a sua criação, a marca das icônicas irmãs Mary-Kate e Ashley Olsen, The Row, encontrou um sucesso imbatível na sua sutileza. De silhuetas descontraídas, tecidos refinados, drapeados românticos e muito mais, a marca criou uma identidade de luxo e classe inabalável.
Desta vez, as gêmeas Olsen optaram por combinar looks masculinos e femininos, o que oferece maior versatilidade e facilidade. Enquanto algumas das coleções anteriores da marca ofereciam visões ousadas de alfaiataria e precisão andróginas, esta coleção era relativamente simples. Só para exemplificar, a coleção foi recheada de casacos, calças relaxadas, malhas e muito mais, que assumem formas bastante tradicionais. Ternos magistralmente adaptados, túnicas, calças, capas e vestidos descomplicados – todos espaçosos e enraizados na versatilidade – também desfilaram pelo showroom durante a PFW.
Com isso, é possível ver que essência dos designs mais procurados do The Row ainda permeia a coleção, Mas, em geral, o mais recente da marca assume uma postura mais calma — e um pouco colorida — desta vez.
Valentino
Mais uma vez, Pierpaolo Piccioli soube surpreender a todos. Sua coleção de verão 2024 na PFW foi apresentada na École Nationale de Beaux-Arts de Paris, universidade que Valentino Garavani frequentou. Em conjunto do desfile, teve a performance de FKA Twigs e seus bailarinos.
O verão da Valentino é composta por recortes, minimalismo, alfaiataria estruturada e looks monocromáticos (principalmente nas cores vermelha, branco e preto). O destaque vai para as peças em formas de arabescos, que segundo a Harper’s Bazaar Brasil, foram feitas a partir de uma técnica de alto-relevo criada pela maison.
Peças em jeans também surgem indicando a influência do street style. Totalmente sem saltos, os tênis brancos, sapatilhas de bico fino e sandálias mostram que conforto vêm em primeiro lugar.
Balmain e seu trinfo na PFW
Dez dias antes do desfile para PFW, um caminhão que transportava vários looks do aeroporto Charles de Gaulle para o estúdio Balmain foi sequestrado por ladrões armados, que roubaram a coleção. “O que mais me machucou foi que o motorista ficou traumatizado”, disse o designer. Alguns dias atrás, três das 50 caixas roubadas foram encontradas perto de Villepinte. Enquanto isso, o estúdio Balmain conseguiu recriar cerca de 70% dos looks ausentes. “É o pesadelo de qualquer designer, mas felizmente eu tenho um ótimo ateliê que trabalha muito duro”, disse Rousteing.
Mesmo com todo o ocorrido, Oliver não deixou de se questionar: “O que há de errado em ser feliz e espalhar alegria, cor e impressão?”.
Uma série de looks sob medida demonstrou – sem muito esforço – o corte especializado do ateliê Balmain, expresso através das linhas esculpidas e ferozes da estética hiper-parisiana da maison. Rousteing retrabalhou os florais do arquivo de Balmain em incrustações de metal, estampas super ousadas, bolsas e sapatos esculpidos como buquês e peças feitas sob encomenda como um bustier com ramos de vidro com joias e botões de flor. Um bustier e um vestido foram adornados com flores feitas de garrafas plásticas recicladas.
“Se você me perguntar sobre o que é o desfile, é sobre o luxo francês através do meu ponto de vista, traduzindo o legado de Monsieur Balmain, começando com uma alfaiataria forte: jaquetas simples, mas muitas horas de trabalho para garantir que os detalhes estejam certos”, disse ele. “Talvez as pessoas me conheçam mais pelos meus bordados, mas se eu morrer amanhã, quero ser lembrado pela minha alfaiataria.”
Cholé e seu clima de festa na PFW
Sem dúvida, apesar do clima de despedida pela saída da estilista Gabriela Hearst na PFW, a passarela da Chloé não teve nada de triste. Contando com a presença da bateria da escola de samba da Mangueira, o desfile foi como uma celebração da criatividade e da paixão que a estilista sempre tentou levar para a marca durante os seus quase três anos de trabalho na grife.
Por exemplo, um tema que foi muito trabalhado durante a presença de Hearst na Chloé foi a consciência ambiental. E não foi diferente na coleção de verão de 2024. Desta vez, a estilista quis mostrar o poder da ação individual como uma maneira de defesa ambiental. Um exemplo disso foram os tecidos de baixo impacto usados nas peças desfiladas para PFW.
A coleção desfilada em Paris teve uma paleta mais neutra, com tons de branco, preto, prata e algumas pinceladas de amarelo, mas isso não deixou a passarela menos interessante. Recheado das mais diferentes texturas, o desfile contou com babados, rendas e aplicações lindíssimas em formato de flores. Flores essas que também inspiraram o corte e a costura de algumas das peças que desfilaram no corpo das modelos, como saias e jaquetas.
Além disso, foi possível notar a aparição de mangas bufantes e recortes, principalmente na altura da cintura. Mesmo contando com aspectos muito delicados, foi possível notar que a coleção não era exageradamente feminina, e sim bastante clean e contemporânea.
Chanel
O verão 2024 da Chanel para PFW, segundo Virginie Viard, foi inspirada pela casa modernista Villa Noailles, construída nos anos 1920, localizado no sul da França. Sua coleção traz um ar de jovialidade e a representação da mulher moderna.
Nesse sentido, é notável que duas tendências que eram fortes em 2010 está surgindo aos poucos nas coleções como Twee Girl e Indie Sleaze. O primeiro look, um vestido longo de tweed, decotado com um mix de colares remete bastante a era indie, enquanto os vestidos e saias de tule, óculos de grau e tiaras de flores lembram o estilo fofo muito visto no Tumblr e no LookBook.
Dessa forma, vestidos longos e fluídos, maiôs que ilustram bem o look “vamos à praia?”, sobreposições e a suposta blusa amarrada na cintura como truque de styling, bermudas amplas, saias assimétricas, a calça jeans, a camisa branca aberta e os terninhos estruturados de tweed ilustram o verão da Chanel.
Os chinelos foram um dos principais destaques da coleção. Além deles, as sapatilhas também tiveram o seu momento. As bolsas com formato de câmera analógica são um charme. Além dos mix de colares, notei a possível volta das choker, será?
Gosto do que Virginie trouxe, apesar de não ter algo tão novo. Coleção impecável.
Escrito por: Flávia Pereira, Loiuze Lima, Maria Eduarda Regis e Laura Radicchi | Editado por: Ana Luiza Lamarão
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