Horror couture: direto das passarelas, fashion weeks inspiram fantasias de Halloween

Halloween – De Alexander McQueen a Schiaparelli confira destaques para elevar o seu look no dia das Bruxas.

O fim de outubro chega como uma contagem regressiva para o Halloween. Para além das coleções de primavera-verão, coleções clássicas inspiram fantasias de alto nível de moda. Baseado nesses desfiles, descubra alguns destaques da moda para te guiar no Halloween.

Após consecutivos Halloween confinados, a urgência de libertar as festividades reprimidas torna o evento ainda mais especial. A euforia pós-pandêmica alavancou uma moda casual mais opulenta: brilhos, cores e recortes, que antes eram reservados para datas especiais, agora caminham ao lado de peças cotidianas. Além disso, 2023 é o ano do method dressing – a prática de seguir trajes à rigor para todos os eventos, como vestir-se de rosa para assistir o filme da Barbie. Não há data melhor para unir todas essas circunstâncias com tule e sangue falso.

Baile de Halloween Sephora

“Cada vez mais, o público busca referências de passarela, misturadas a estereótipos de personagens já conhecidos do nosso imaginário, para criar uma estética moderna e original para suas fantasias”, relata o estilista Murilo Mahler, que vestiu o corpo de baile no Baile de Halloween Sephora. “Com a digitalização dos desfiles de moda e o fenômeno das redes sociais, somos expostos a referências do universo fashion o tempo todo”, o que ele defende trazer “uma gama maior de possibilidades na hora de se inspirar, e a presença de mais elementos de moda nas próprias fantasias”.

No Baile, celebridades de todo o país se reúnem. Xuxa Meneghel, Ivete Sangalo e Preta Gil, as madrinhas da edição, honraram o título com três formas autênticas de experimentar com a moda.  

A Ivete foi uma noiva queimada, assinada como “The Scorched Bride”. É um modelo original de alta costura, apresentado na Paris Fashion Week deste ano por Robert Wun.

Após trocar o cetim branco por um body-tuxedo, a cantora comentou a dualidade nas redes sociais: “Eu mesma era a noiva, eu mesma era meu noivo. Sou uma mulher de soluções”. O styling fresco e forte foi de Rita Lazzarotti, diretora de moda na Vogue Brasil.

As figuras no Halloween

A figura virginal da Noiva, também fantasiosa no Brasil durante a Festa Junina e o Carnaval, não poderia deixar de ser evocada no Halloween. A reinterpretação, nessas festividades, mistifica e desmistifica personagens do imaginário coletivo, criando novas imagens da famosa Noiva Cadáver, popularizada pela animação de Tim Burton, por exemplo.

Na semana de moda

Na São Paulo Fashion Week de 2012, o brasileiro Samuel Cirnansck chocou o mundo da moda ao apresentar uma coleção de noivas aterrorizadas. Amarrações com lacinhos e mordaças com buquês, as modelos desfilavam na linha entre o romântico, o horror e o fetiche.

Além disso, Cirnansck não está sozinho quando leva o visual do sensual ao horroroso. A alta costura de 2006 de Christian Dior, ainda sob assinatura de John Galliano, usa a ideia de um vestido de noiva tradicional branco manchado de vermelho, o que pode remeter a ideia de sangue. Foi nesse desfile que originou a icônica gargantilha de pérolas ensanguentada, com pedras vermelhas gotejando no colo da modelo.

Agora focando em um dos artigos mais usados em fantasias de Halloween, o sangue falso. Coleções sanguinárias fazem muito sucesso no circuito vanguardista da moda, com looks feitos como obras de arte, mais do que como peças de vestimenta. Em 2016, o designer Hu Sheguang se inspirou em pesadelos para colocar em uma passarela uma coleção vermelho sangue . Foram usadas manequins, bonecas e chifres para dar o tom infernal à alfaiataria elevada.

É impossível falar de moda de exagerada sem reverenciar a brilhante Elsa Schiaparelli, estilista surrealista. Ainda nos anos 30, inspirada em Salvador Dalí, ela criou o memorável vestido-esqueleto, e jogou com silhuetas visionárias durante toda sua carreira. A transfiguração do lugar comum, com a inserção de figuras em espaços visualmente desconfortáveis, tornou-se seu legado, referência, até hoje, em diversas Maisons .

O figurino de Beyoncé

Ao se fantasiar de Beyoncé, a brasileira Dandara Pagu escolheu o bodysuit cravejado da marca de luxo espanhola Loewe, usado na turnê “Renaissance World Tour”. É uma adaptação Custom Made do vestido da coleção de 2022 que, por sua vez, não esconde a inspiração na peça Schiaparelli.

Mais das fantasias

Mais do que emular personagens já estabelecidos pela mídia, a brincadeira de vestir-se para o Halloween pode significar a criação de figuras inéditas. Os mais criativos unem conceitos estéticos a conceitos materiais, como o Senhor do Tempo. Mahler se inspirou no estilo Steampunk para criar a armadura cheia de engrenagens. . “É um movimento estético dentro da ficção científica popular, no final de 1980, começo dos anos 90, fazendo uma leitura  de como seria o futuro no passado”, explica o designer, “a referência perfeita para a caracterização do Senhor do Tempo dos dias atuais, onde o que nos assusta é a velocidade do tempo e a inteligência artificial”.

Em uma armadura metalizada, Xuxa vestiu Atelier Michelly X para encarnar uma super heroína intergalática. A produção remete ao desfile “Joan”, de 1998, quando Alexander McQueen homenageou a guerreira e santa Joana D’arc.

A padroeira da França é frequentemente evocada nas passarelas por simbolizar a força feminina, o que Xuxa evoca no seu público com as pontas geométricas e recortes futuristas. No MET Gala de 2018, sob o tema de “Corpos Celestes: a Moda e o Imaginário Católico”, foi a vez da atriz Zendaya de representar Joana D’arc em um modelo Versace Custom Made.

As fantasias clássicas de Halloween

Os clássicos nunca perdem espaço dentre as fantasias preferidas. As grandes casas de moda não têm medo de reviver os monstros tradicionais – o chapéu de Bruxa, como Kate Moss na passarela de Martine Sitbon, em 1993; os ombros altíssimos do Drácula, tema da alta costura de 2022 de Viktor&Rolf; as cobras da Medusa e o lado sombrio do Palhaço, explorado na coleção “What a Merry-Go-Round”, de McQueen em 2001.

Escrito por: Alícia Matsuda | Editado por: Ana Lamarão e Flávia Pereira