Area: Tudo está nos olhos de quem vê
O desfile de primavera verão da Area (NYFW 2024) questiona a ação de observar: inerente a nós, ou exercida sobre nós?
Toda ação gera uma reação. Sendo assim, o simples ato de julgar, analisar, questionar, ou até mesmo, olhar para alguém, é então realizado por outras pessoas sobre nós? Essa foi a provocação utilizada pela Area, como impulso para a produção de suas peças.
No último dia 11 de fevereiro de 2024 (domingo), o desfile da coleção de Primavera-Verão da Area aconteceu, em Nova Iorque.
O desfile consistiu na mistura do surrealismo com a arte vibrante do pop art, movimento que nasceu na Inglaterra dos anos 50, mas que teve seu crescimento nos Estados Unidos, na década de 60.
Além dessa mistura de dois conceitos, o principal elemento presente nas peças foram os googly eyes. Através de uma nota nos stories do instagram, a marca cita que a coleção é inspirada pelos cartoon eyes, ou, olhos de desenhos animados da década de 20.
São os cartoon eyes, então, que moldam e atuam como base para o design de outros elementos presentes nas criações, como, por exemplo: “As estampas de dálmata, as flores desabrochando, e os crystal eyelets” cita a marca, ainda em seus stories.
A expressão “Os olhos são a janela da alma” pode ser utilizada para definir a coleção: “É um portal entre mundos externos e internos”, definiu a Area. “Uma demonstração entre ver e ser visto“, contou a marca.
Porque, afinal, Area questiona a ação de observar?
A impressão que fica é uma referência ao movimento e dinamismo proposto pela coleção.
Não somente por ser um desfile, claro, moda é dinamismo, movimento, e arte. Esta, se adapta a corpos, cores, países, culturas e gostos, mas, há reforços sobre a ideia original.
Ao analisar a proposta de Piotrek Pansczcyk, co-fundador e diretor criativo da Area, percebemos que: 1. Os olhos como base para a montagem de outras estampas e elementos reforçam que a dinâmica exercida pelo público acerca dos desfiles, ocorre especialmente na era digital.
2. Não somente por quem assiste ao desfile, como quem o realiza: É uma coleção para o público, mas também para aqueles que a elaboraram e produziram. Se exercemos uma ação sobre algo ou alguém, tal ação também pode ser feita sobre nós, e isso gera um impacto.
Então, a proposta e análise proporcionaram um desfile muito maior que apenas o lançamento de uma coleção. Dessa forma, ocorre uma manifestação de questionamentos em cima da passarela.
O que fica? Como nos sentimos observados pelos outros? Devemos nos importar? E como olhamos o outro? Devemos, também, nos importar?
A maioria dessas perguntas ficaram sem uma resposta, mas, provocaram indagações e questionamentos.
O que comprova que a Area, mais uma vez, inova não somente no conceito têxtil e em suas peças, mas na mensagem transmitida através delas.
Escrito por: Pietra Gabiatti | Editado por: Letícia Virgínia
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