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A ascensão da Copenhagen Fashion Week
A Semana de Moda de Copenhagen tem se destacado cada vez mais no cenário fashion internacional, não apenas pela sua estética minimalista, mas pelo comprometimento com a sustentabilidade e a inovação social. Para Symone Rech, especialista em negócios de moda e fundadora da plataforma de tendências New & Now, o evento dinamarquês serviu para mostrar a autenticidade das marcas ali presentes e seu impacto cultural na sociedade.
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Autenticidade e street style como fontes de inspiração
O grande diferencial de Copenhagen, segundo Symone, é a maneira como as marcas locais conseguem unir elegância e sustentabilidade de forma discreta e sem ostentação. “As marcas e criadores locais têm algo único. Sabem fazer essa combinação sem se colocar acima com um luxo excessivo. Elas priorizam qualidade e sustentabilidade”, afirma Rech. Para ela, o street style desempenha papel crucial na criação de tendências, servindo como uma vitrine de criatividade espontânea. “Essa autenticidade influencia diretamente o trabalho de influenciadores e criadores de conteúdo pelo mundo, que encontram no evento um terreno fértil para se inspirar”, completa.
Além disso, Symone Rech observa que a moda contemporânea vai além da mera estética. Cada vez mais, o que define uma capital da moda são também seus ideais culturais e sociais. “O que significa ser uma capital da moda hoje? Não se trata apenas de estética, mas também de ideais”, questiona. Um exemplo disso foi a coleção “Give the Girl a Gun”, da marca Alectra Rothschild, que trouxe à passarela um debate sobre a violência contra pessoas trans. Com peças fortes e estruturadas, a coleção contou com modelos trans, tornando-se um ato de resistência e expressão cultural importante.
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Comparação com outras capitais da moda
Para Symone, cada grande semana de moda tem características próprias que as tornam únicas. Nova York, por exemplo, é marcada pelo apelo comercial; Londres, pela inovação em materiais; Milão, pela ênfase no artesanal e no made in Italy; e Paris, pelo luxo e glamour das grandes maisons. Ademais, cidades emergentes, como Berlim, Seul, Tóquio e até a África do Sul, vêm ganhando protagonismo. “Os designers africanos, por exemplo, estão ganhando destaque e quebrando a ideia de que o design do continente é exclusivamente vibrante e colorido”, explica.
Apoio a novos talentos: o futuro da moda
Um dos pontos altos da Semana de Moda de Copenhagen é o apoio a jovens designers. Symone destaca o programa Copenhagen New Talent, que, em parceria com a marca Ganni, auxilia cinco criadores emergentes a ganharem visibilidade no mercado global. “Não se trata apenas de levá-los para a passarela, mas também de dar visibilidade no mercado”, explica. A especialista também menciona iniciativas no Brasil, como o Instituto C&A e o Projeto Estufa do São Paulo Fashion Week, que têm como objetivo dar visibilidade aos jovens designers. No entanto, Symone acredita que há um grande potencial não explorado. “Há muitos talentos incríveis que não conseguem avançar. Precisamos ajudar essa nova geração a alcançar o sucesso”, defende.
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O que esperar da moda para 2026
Entre as tendências para o inverno 2026, Symone aponta o retorno das estampas de zebra como uma das principais, além dos tons vibrantes como vermelho e amarelo. “O animal print continua em alta, mas agora com foco na zebra”, comenta. Os acessórios também se destacam, com a presença de chapéus, gorros, buckets e o viralizado bala bonnet — um gorro de crochê amarrado ao pescoço.
Contudo, Symone também comentou sobre o uso de materiais reciclados, como as roupas outdoor da marca islandesa 66 North, que utilizam tecidos reciclados em suas produções. “Mesmo com a ascensão de diversas tendências, o minimalismo em tons neutros continua sendo uma presença constante nas coleções nórdicas”, completa.
Por fim, a Copenhagen Fashion Week se consolidou não apenas como uma vitrine de tendências, mas como um importante espaço de reflexão sobre os impactos culturais e ambientais da moda. Com um olhar atento à sustentabilidade e à diversidade, o evento dinamarquês vai além das passarelas, consolidando-se como um modelo de inovação no cenário global da moda, inspirando criadores, influenciadores e consumidores ao redor do mundo.
Escrito por: Maria Luiza Winter | Editado por: Flávia Pereira
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