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Tatuagens na passarela – acessório ou tabu?

Presente nas modelos dos desfiles de alta costura, a arte corporal vêm ganhando destaque no meio fashion.

Sejam elas delicadas ou de maior destaque, as tatuagens sempre foram motivos de polêmica. Enquanto alguns reforçam seu papel de representação identitária, outros as colocam como algo pejorativo. No meio corporativo, por exemplo, são vários os cargos que não permitem tatuagens e, em alguns casos, é possível cobri-las ou escondê-las com peças de roupa. Contudo, quando se trata do mundo da moda, essa opção nem sempre é possível.

Os castings para os desfiles são escolhidos a partir do que se busca na relação peça-modelo, já que alguns estilistas já imaginam um perfil específico para determinado look. Essa prévia se consolida como uma restrição para aqueles que possuem tatuagens. Visuais com pele à mostra e recortes abrangentes, por exemplo, irão inevitavelmente expor os desenhos. 

Apesar disso, as marcas se mostram mais abertas na escolha de modelos, trazendo diferentes perfis às passarelas com o intuito de explorar a diversidade. Contudo, ainda é válido questionar – até que ponto as tatuagens têm se integrado no cenário fashion?

Marina Dias desfilando para Lino Villaventura na edição mais recente da SPFW/reprodução: Instagram @andysantanaoficial

O preconceito

De acordo com pesquisas da TeamStage, 42% do público considera tatuagens inapropriadas para o ambiente de trabalho. Em determinadas regiões, esse tabu se torna mais rígido ainda. Países como Japão, Coreia do Norte e Emirados Árabes Unidos seguem resistentes à inclusão da arte corporal na moda. Mesmo que o meio fashion tenha uma tendência maior a permissividade, por ser um espaço de exploração da criatividade, o preconceito ainda se reproduz. 

Porém, como de costume, os estereótipos nesse setor não são uma barreira. Por ser uma área que lida com diferentes imposições sociais, são necessárias manifestações de artistas que enfrentam os tabus. Esse foi o caso de Issey Miyake, o estilista que implementou pela primeira vez a tatuagem nesse universo em 1971, ao apresentar a coleção intitulada Tattoo, em Nova York.

Os visuais, pintados à mão, foram feitos com técnicas tradicionais japonesas. A ação do estilista foi a porta de entrada para uma incessante exploração da arte corporal nas passarelas. A coleção de alta costura SS14 de Maison Margiela, inspirada em Sailor Jerry, e Les Tatouages, de Jean Paul Gaultier, demonstram como a tatuagem se ressignificou como um acessório aos looks.

Reprodução da campanha “Le Male”, dos anos 90, referenciada nas redes sociais da grife. /reprodução: Instagram @jeanpaulgaultier

Tatuagem como acessório

Imaginar um modelo tatuado no desfile da Chanel parece uma realidade distante, uma vez que destoa da estética desenvolvida pela marca. Entretanto, já é possível listar um número considerável de grifes que trazem uma parcela significativa de modelos com tattoos em seus fashion shows. A Namilia, por exemplo, junto a integrar pessoas tatuadas em seu casting, dá destaque aos desenhos em recortes que favorecem as artes. Alguns dos visuais parecem ter sido confeccionados a partir da tattoo, fundindo as peças à pele.

Vivienne Westwood, Balenciaga, Ludovic de Saint Sernin, Mugler e Ann Demeulemeester são outros exemplos de maisons que seguem esse padrão. Os desfiles mais recentes das marcas não somente trouxeram abertura à expressão da forma de arte, como também a colocaram como um elemento extra de sensualidade e singularidade em cada look.

Na moda nacional, não é diferente. Tanto na São Paulo Fashion Week quanto na Casa de Criadores, eventos de renome no país, foi possível identificar a presença de tattoos. Rober Dognani, Bold Strap, Vittor Sinistra, Artemisi e Walério Araújo não hesitaram em evidenciar os desenhos ao apresentar suas composições. 

Na última Casa de Criadores, Vivi Orth desfilou com suas tatuagens à mostra para Rober Dognani/reprodução: Instagram @magazinesecrets

Escrito por: Mariana do Patrocínio | Editado por: Mafê Bazalia

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