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Skincare precoce em crianças: até onde vai o autocuidado?

Skincare precoce em crianças: até onde vai o autocuidado?
Foto: Freepik

O interesse precoce de crianças por skincare deixou de ser uma curiosidade das redes sociais e tornou-se preocupante para especialistas. Cada vez mais, crianças de 7 a 12 anos frequentam sites e lojas de produtos de beleza em busca de séruns, ácidos e hidratantes sofisticados, no entanto, muitos deles formulados para necessidades adultas, como manchas, linhas finas e rejuvenescimento. 

Impulsionado por vídeos virais no TikTok, o fenômeno “Sephora Kids” expõe um choque entre dois mundos: o da infância, que deveria ser uma fase descoberta e o da estética avançada, que exige responsabilidade, conhecimento e maturidade. Mesmo sendo um processo de autocuidado, a rotina de skincare também pode causar danos a pele das crianças, além de trazer inseguranças e gerar uma pressão estética.  

No entanto, dermatologistas e psicólogos alertam para os riscos da adultização precoce, os riscos e como os pais podem ajudar nessa fase.  

Por que as crianças estão aderindo ao skincare? 

Os milhares de vídeos de rotina de skincare realizados em banheiros impecáveis, iluminação perfeita e todos os tipos de produtos caros, transformou a rotina de beleza em um ritual. Sendo assim, para crianças e pré-adolescentes, esse universo vira uma brincadeira e à vontade de imitar influenciadores mais velhos. 

Além disso, muitas estéticas como a “clean girl” que viralizou no Tik Tok definindo a beleza como rotina rigorosa e consumo constante. Quando esse ideal chega à infância, ele deixa de ser estilo e passa a ser expectativa. É aí que surgem preocupações reais. 

Skincare precoce em crianças: até onde vai o autocuidado?
Foto: Getty Imagens

Dermatologia alerta sobre essa tendência  

A dermatologista Dra. Camila Rosa, explica que a pele da criança é mais fina, mais sensível e tem uma barreira cutânea ainda em desenvolvimento. Produtos como, retinol, esfoliantes físicos podem causar Irritação, vermelhidão e ardência, dermatite de contato (alérgica ou irritativa, ressecamento intenso, manchas pós-inflamatórias, principalmente em peles morenas e negras e alteração da barreira cutânea, deixando a pele mais vulnerável a infecções e a alergias futuras. 

“O uso precoce desses produtos, pode trazer consequências recorrentes na pele como: Descamação, coceira e ardor, alergias que podem persistir ao longo da vida, agravamento de problemas pré-existentes, como dermatite atópica, manchas após inflamação e a desregulação da barreira cutânea, tornando a pele mais reativa, ou seja: não é apenas “forte demais”, é inadequado para a estrutura imatura da pele infantil, podendo estimular ou inibir processos biológicos de forma inadequada para a fase de desenvolvimento da pele”. Explica a dermatologista.   

Apenas o básico  

Para a grande maioria das crianças, o menos é mais. Sendo assim, o básico e suficiente inclui: 

• Sabonete suave   

• Hidratante infantil   

• Protetor solar (quando indicado)   

• Produtos específicos para alguma condição, como eczema ou brotoejas, sempre orientados por um dermatologista.  

“Uma rotina infantil segura é simples, eficaz e totalmente diferente da rotina adulta”. Diz a dermatologista, Dra. Camila Rosa. 

Skincare precoce em crianças: até onde vai o autocuidado?
Foto: @glamwithdarcey (Reprodução/ Instagram)

Skincare precoce em crianças: Alerta aos pais  

A criança se espelha no comportamento dos adultos e tudo ao seu redor. Assim, a psicóloga Gabriela Santos explica que a infância é uma fase marcada pela modelagem de comportamento, em que ela imita aquilo que vê. “Com a presença de influenciadores, inclusive os mirins, mostrando rotinas “perfeitas”, e com marcas direcionando produtos ao público infantil por meio de embalagens atrativas, personagens e marketing chamativo, a criança passa a desejar participar desse universo.” Fala a psicóloga.  

Assim, por estar em desenvolvimento, a criança ainda não tem maturidade emocional para lidar com as mudanças na autoimagem.  

O interesse excessivo pelo cuidado com a pele pode prejudicar a autoestima. Portanto, o interesse deixa de ser saudável quando o skincare se torna uma rotina fixa, motivada pela necessidade de “ficar mais bonita”, acompanhada de autocobrança e preocupação excessiva com a autoimagem. 

A psicóloga fala que os pais devem monitorar o conteúdo consumido pela criança, e tentar explicando que esses produtos não a tornam mais bonita, mas servem apenas para cuidados com a pele, e que cada fase da vida possui produtos adequados. Caso a criança demonstre interesse, o ideal é optar por produtos infantis, reforçando hábitos simples, como manter a pele limpa e protegida.  

Além disso, é importante não reforçar a ideia de beleza associada ao uso de produtos, evitando que o cuidado com a pele se torne uma fonte de cobrança ou comparação estética. 

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Escrito por Patrícia Cardoso | Editado por Ana Carolina Gomes

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