Sex and The City: Por que estamos fascinados?
A série Sex and The City (Sexo e a Cidade), já foi queridinha do público jovem nos anos 1990 e 2000, devido ao humor leve recheado de reflexões feministas, de autoconhecimento, amor, sexo, e claro, moda! Mas, o que a série fez tão bem que continua fazendo sucesso, mesmo após 26 anos do lançamento?
Amizade, Sororidade e Empoderamento Feminino
É só a partir dos anos 1970 que tratar de assuntos relacionados ao empoderamento feminino no cinema passou a ser algo comum, embora a abordagem fosse mais sutil. Sex and The City, série de 1998, faz isso, mas de forma muito mais escancarada e explorando assuntos mais sérios da sociedade, com uma boa dose de humor.
As amigas Carrie (Sarah Jessica Parker), Samantha (Kim Cattrall), Charlotte (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon) se apoiam e auxiliam no desenvolvimento pessoal de cada uma. Por isso, o tratamento interno das mesmas é maduro.
Mas, ainda que tenham desentendimentos e desacordos – o que é comum em qualquer relacionamento – ainda conseguem manter o espírito fraterno de amizade. O verdadeiro significado de sororidade, já que entre elas não existe nenhum tipo de competição – mesmo que a maioria delas queira ser a primeira do grupo a se casar.
Independência e Carreira
Joyce Pereira tem 21 anos, é estudante de jornalismo e está assistindo a série pela segunda vez. Para ela, mesmo após 26 anos, a sitcom (tipo de série sobre o cotidiano) continua atual, já que trata de assuntos comuns do dia a dia:
“Eu sinto uma grande diferença da primeira vez que eu assisti até agora. Na primeira vez eu não consegui pegar [entender] alguns trocadilhos. As pessoas acabam julgando que é uma série só sobre sexo. Mas, acho que fala muito mais sobre mulheres empoderadas e em como não tem nada de errado em estar solteira aos 30, ou focar na carreira primeiro”, conta.
Gabryela Ataide tem 19 anos, é estudante de publicidade e assistiu a série pela primeira vez neste ano, influenciada por vídeos do TikTok. Assim como Joyce, Gabryela concorda que a série continua atual, e o que chamou atenção dela é o sucesso da carreira das personagens:
“Algo que valorizo muito é a carreira. Essa ideia das personagens sobre o amor e a amizade delas que é embasada na união. Mas, o que mais ressoou em mim foi a carreira porque é algo que é muito importante para mim. No início, me identifiquei muito com a Carrie por ela ser essa pessoa independente”, explica.
As personagens são exemplos de mulheres independentes e bem-sucedidas em suas carreiras:
Carrie Bradshaw é uma colunista reconhecida no seu meio e nunca se acomoda. Afinal, ela está sempre buscando novos pontos de vista para os assuntos que escreve. A propaganda à sua coluna nos ônibus de Nova Iorque (que aparece na abertura da série), e a publicação de seu livro autoral, são algumas de suas conquistas profissionais.
Mesmo sendo alguns anos mais velha que as demais, Samantha Jones, não fica para trás! A personagem possui seu próprio negócio como relações públicas e uma lista de clientes de dar inveja. Entretanto, ela é a única do grupo que não se importa com casamentos. Afinal, a personagem está mais preocupada em curtir ao máximo todos os relacionamentos que começa.
Miranda Hobbes, é uma advogada focada em crescer profissionalmente e se tornar sócia da empresa em que trabalha – a famosa workaholic. Apesar disso, sua personagem tem um crescimento notável. Ela vai da mulher durona e super independente para alguém mais maleável, sensível e apaixonada.
Já Charlotte York, é diretora de uma galeria de arte e ama o que faz. Mesmo que abdique da carreira para se tornar dona de casa, alguns episódios mais tarde ela acaba voltando para a carreira. Diferente das outras, o sonho de Charlotte é se casar e ser mãe antes dos 40. Mas, desde a primeira temporada Charlotte se mostra como uma mulher financeiramente independente.
A Moda e o Estilo de Sex and the City
Tanto Gabryela quanto Joyce são apaixonadas por moda, e o envolvimento da série com este tema também foi o incentivo para ambas a assistirem:
“Os figurinos são incríveis. Elas são muito transparentes no que querem passar. Mostra muito da personalidade de cada uma delas. É uma série que dá muita referência à moda, e as tendências dos anos 90 e 2000 estão voltando. Eu comecei a assistir por conta disso”, diz Gabryela.
“Acho engraçado como uma série lá dos anos 2000 pode se mostrar tão atual. Afinal, neste ano estão voltando várias tendências dos anos 2000 como os tube tops, calças cintura baixa e saltos mais baixos. É uma série ainda muito atual quando se fala de moda”, explica Joyce.
A moda de Carrie Bradshaw
Carrie Bradshaw e seus looks icônicos promovem em Sex and the City uma verdadeira aula de stylling para quem é apaixonado pela moda dos anos 90 e 2000. Além dos designers citados como Manolo Blahnik e Christian Louboutin, é possível ver montagens com muita barriga de fora pelo uso dos croppeds, peças cintura baixa, trench coats, acessórios descombinados e extravagantes, estampas contrastantes e mistura de estilos, por exemplo.
Uma das principais características de Carrie é a ousadia em combinar alta-costura com peças mais vintage e de streetwear. Parte das tendências saíram das telas e afetaram diretamente o público, já que o estilo acabou se tornando referência para quem buscava algo mais “descolado”.
O estilo clássico de Charlotter York
Charlotte York apresenta um estilo mais clássico e feminino, com uma predileção por roupas elegantes e tradicionais. Ou seja, suas escolhas de vestuário incluíam vestidos de corte impecável, saias lápis e camisas de seda, refletindo sua personalidade conservadora e romântica. Charlotte trouxe à tona a beleza da moda atemporal, provando que o clássico nunca sai de moda!
O guarda roupa profissional de Miranda Hobbes
Miranda Hobbes tinha um estilo mais prático e profissional, apropriado para sua carreira de advogada. As roupas dela são frequentemente compostas por terninhos sob medida, calças de alfaiataria e camisas estruturadas. Embora seu guarda-roupa fosse mais sóbrio, Miranda ainda incorporava elementos modernos e elegantes, demonstrando que é possível ser estilosa e profissional ao mesmo tempo.
A moda sensual de Samantha Jones
Samantha Jones, exibia um estilo ousado e sensual, que refletia sua confiança e personalidade vibrante. Com um gosto por roupas justas, decotes profundos e cores fortes, Samantha personificava a mulher segura de si que não tem medo de chamar atenção. Entretanto, sua moda era uma celebração da liberdade e da autoconfiança, inspirando mulheres a abraçarem sua feminilidade sem tabus.
Sex and The City tem muito sexo e outros diálogos relevantes
Obviamente não tem como falar de Sex and the City, sem falar de sexo. Tudo o que é vivido por Carrie e suas amigas acabam virando pauta para a sua coluna, cujo tema é sexo e relacionamento. Para mim, é aqui que a série atinge seu ponto mais alto, já que assisti-la é como estar entre amigas conversando sobre a mais nova paixão, sobre ‘aquele cara legal’ que acabou de conhecer, sobre experiências sexuais, e assuntos do coração – por que não?
E já que estamos entre amigas, a série consegue trazer esses perfis muito bem desenhados:
Carrie é romântica, está em busca de uma conexão verdadeira com seu parceiro. Samantha é uma mulher sexualmente aberta a experiências. Seus relacionamentos beiram a promiscuidade, mas ela não se importa desde que tenha um bom orgasmo. Já, Miranda busca por relacionamentos mais maduros, alinhado a boas experiências sexuais. E Charlotte, é mais ‘reservada e recatada’, cheia de tabus.
Os diálogos das quatro amigas propõem pautas importantes de conscientização e, também, de autoconhecimento do corpo feminino. São discutidos assuntos como sexo seguro, IST’s, doenças ginecológicas, orgasmo feminino, vibradores e masturbação, por exemplo. Apesar disso, a série percorre sobre relacionamentos amorosos e em como pode ser difícil se envolver com alguém.
Para Joyce, a série amadureceu bem e trouxe diálogos relevantes sobre relacionamentos:
“A primeira vez que vi eu era apaixonada pelo casal Carrie e Big. Mas, assistindo pela segunda vez, eu acabei notando em como esse era um relacionamento muito tóxico, e às vezes abusivo. Comparando com o relacionamento da Charlotte e o Harry, percebo que era um relacionamento muito mais maduro e saudável. Quando somos mais jovens, achamos que esses relacionamentos mais quentes, como o da Carrie com o Big, são os certos. Mas com o amadurecimento, a gente entende que o relacionamento certo é aquele que é saudável”, explica.
Agora, a pergunta que fica é: Você já assistiu ou pretende assistir a série?
Caso queira, leia mais sobre a moda dos anos 90.
Escrito por: Carolina Duque / Editado por: Clara Molter