Puppets and Puppets: Divertida e corajosa, se despede de Nova York com autenticidade

Puppets and Puppets – Apostando em transparência e muita sobreposição, a marca carimbou personalidade em seu último desfile na passarela da New York Fashion Week.

Quem é a Puppets and Puppets?

Assinada por Carly Mark, a Puppets and Puppets foi fundada em 2018. Apesar de não ser o nome mais conhecido do fashion world, se popularizou com o carisma de um jeito alternativo de fazer moda e a travessia de sua peça mais famosa, a Cookie Bag. Em todas as suas aparições nas passarelas, a marca explora a criatividade da performance. Assim, o resultado não seria diferente no desfile de outono inverno da NYFW, realizado no dia 12 de fevereiro de 2024. 

Contudo, com a coleção sendo sua última contribuição para o ready-to-wear, a Puppets and Puppets apresentou peças que, para os seus padrões, cruzam o mais próximo de um equilíbrio entre mercadológico e o fashionista. Além disso, mostrou um misto de texturas e experimentações animadoras. 

Focados em tons de preto, bege, cinza e marrom, os designs se destacaram pelo movimento, volume e, principalmente, pelos recortes. Só para ilustrar, vislumbrar as modelos desfilando trazia um certo questionamento sobre o início e fim de cada peça. Isso porque elas pareciam se mover junto dos corpos e muitas vezes ter uma bainha fora do lugar ou serem inteiramente sustentadas por amarrações. 

Um dos maiores exemplos disso e um dos ápices do desfile foi a aparição de um casaco de pele aparentemente normal, mas com as costas completamente nuas. Compondo, dessa forma, uma surpresa curiosa que facilmente estaria nos closets das influenciadoras mais ousadas.

A transparência também se mostrou um elemento muito presente na coleção, que abusou de meias calças e voal. De forma interessante, esse toque inseriu pontos de disrupção e rebeldia, deixando a aparência reveladora mais próxima do futurismo do que da sensualidade. 

Tendências e acessórios da Puppets and Puppets

Se as roupas de Mark não parecem exatamente inteiras, os complementos são sólidos como nunca. Em trabalhos de aparência lustrosa e bem cortada, as bolsas que acompanhavam as modelos vinham como um ponto alto da composição visual. Inserindo pontos de cor, textura e materiais firmes, as formas arredondadas das pequenas bags acrescentaram o ar de sofisticação e modernidade necessário ao show.

Ainda assim, o uso da tendência do capuz não poderia ficar de fora, e em alguns casos, juntava as peças literalmente do pés a cabeça. Variando em aparências semelhantes a véus, lenços e até capuzes de moletom, o efeito ironicamente rompia com a seriedade. 

Portanto, o movimento concorda com o futuro da Puppets and Puppets, que vai concentrar sua produção em acessórios e se mudar para Londres, onde Mark já tem uma parceria com a designer de acessórios Katie Hillier. 

A despedida nada melancólica da marca foi acompanhada de uma trilha sonora igualmente despretensiosa, composta por “Requiem”, de Mozart, e “Nothing Compares 2 U”, de Sinead O’Connor. As batidas pouco delicadas e até fantasmagóricas deixaram claro: a Puppets and Puppets continua seu legado em ascensão. 

Com a previsão de uma trajetória mais recheada que um biscoito com gotas de chocolate, o fechamento das cortinas em Nova York não é o fim do espetáculo de fantoches.  

Escrito por: Jamily Rigonatto | Editado por: Flávia Pereira