Comportamento,  Moda,  Sociedade

Os bastidores da indústria da moda: Quem faz as minhas roupas?

Quando se trata da indústria da moda, como consumidores, buscamos sempre por uma excelência em todo o processo em que o produto passa até que chegue aos nossos lares. E por cada ajuste, desde sua ideia até sua confecção, existe alguém por trás responsável não só pela satisfação do cliente, mas também em levar o sustento para suas famílias.

Todavia, a experiência do trabalhador na indústria da moda é um tema complexo e multifacetado, envolvendo desde condições de trabalho até impactos sociais e ambientais. Historicamente, a marca da indústria da moda por práticas de trabalho questionáveis, incluindo trabalho infantil, salários baixos, jornadas extenuantes e condições de trabalho insalubres. No entanto, há um crescente movimento em direção à sustentabilidade e ética, que busca transformar essa realidade.

Por meio dessa pesquisa, buscamos ver da perspectiva dos trabalhadores se o que é exposto condiz com a realidade de seu serviço.

Condições de trabalho na indústria da moda

Trabalhadores da indústria da moda, especialmente em países em desenvolvimento, frequentemente enfrentam ambientes de trabalho precários. Em resumo, as fábricas, podem ser perigosas, com pouca ventilação, iluminação inadequada e equipamentos inseguros. Além disso, a pressão para produzir rapidamente a um custo baixo leva a jornadas de trabalho exorbitantes, com poucos intervalos e com trabalho análogo a escravidão.

Portanto, é possível afirmar que quem produz um dos maiores fins de lucro, sendo muitas das vezes utilizado para esbanjar o capital de quem retém a fortuna e o poder, se trata da classe que é frequentemente diminuída e menosprezada em nossa sociedade. Segundo as pesquisas realizadas pelo Design ativistas, no Brasil, a predominância na cadeia têxtil são de mulheres, onde elas somam 60% de 1,34 milhão de empregos formais e 8 milhões considerando os indiretos e efeito renda. Ainda, apenas 21% dos cargos de liderança nas indústrias cabem às mulheres, enquanto isso, 71% aos homens, segundo os estudos da Confederação Nacional da Indústria.

Salários e Segurança Financeira dos Trabalhadores da Indústria da Moda

Os salários na indústria da moda são frequentemente motivo de preocupação. Muitos trabalhadores recebem menos do que o salário mínimo necessário para viver dignamente. Isso é, pobreza persistente e agrava os casos de trabalho infantil. Essa realidade é agravada pela falta de segurança no emprego, com muitos trabalhadores sujeitos a contratos temporários ou informais e sem benefícios ou proteção contra demissões injustas.

A indústria em um geral zela por um padrão inalcançável, onde pessoas que chegam, acabam por encontrar dificuldades em seguir com suas carreiras. O ponto principal é quando se trata do pedido de experiência que nem ao menos é oferecido.

Impactos Sociais e Ambientais da Indústria da Moda

A produção em massa e o consumo rápido de vestuário têm graves consequências ambientais, incluindo poluição e uso excessivo de recursos naturais. Os trabalhadores industriais também enfrentam riscos à saúde devido à exposição a produtos químicos tóxicos usados na fabricação de tecidos e no tratamento de roupas.

Para mais, muitos trabalhadores vivem os assédios sofridos dentro das empresas. Assédios esses abafados ou pela necessidade da vaga, medo da consequência de sua denúncia, ou até mesmo pela própria mídia.

Movimento por Mudança

Nos últimos anos, cresce a conscientização sobre esses problemas, levando a um movimento por uma indústria da moda mais sustentável e ética. Dessa forma, marcas e consumidores estão cada vez mais em busca de transparência, melhores condições de trabalho, salários justos e práticas ambientalmente responsáveis. Iniciativas como o movimento Fashion Revolution e a implementação de padrões como o Fair Trade na moda são exemplos de esforços para melhorar a vida dos trabalhadores e reduzir o impacto ambiental.

Quando falamos sobre sustentabilidade, precisamos ressaltar que o início de uma moda sustentável faz parte de uma moda justa, que alcance os pés de fábrica.

Desafios e Perspectiva

Entretanto, apesar dos avanços a indústria da moda ainda enfrenta desafios significativos para garantir condições de trabalho justas e sustentáveis. A globalização e a complexidade das cadeias de suprimentos dificultam a fiscalização e a implementação de práticas éticas em todos os níveis de produção. Mas, a crescente demanda por moda sustentável indica uma mudança de paradigma, com mais consumidores e empresas comprometidos com a ética e a sustentabilidade.

Aos olhos do trabalhador

Tendo em vista que a revolução não se trata de uma linha de início, meio e fim, buscamos dar voz aqueles que vivem em seu cotidiano a jornada de trabalho enfrentada em nosso país na indústria da moda.

Aos olhos de Matheus da Silva Franco, em sua estadia como auxiliar de corte, dois dos principais problemas desta indústria refere-se a desvalorização de certos profissionais, como costureiros ou profissionais do enfesto, e a demanda absurdamente desconexa com o tempo de trabalho, exigindo dos trabalhadores um esforço desequilibrado com o fim único de lucro ao patrão. Em adendo, expôs a importância do sindicato e a luta contra o abuso de autoridade que é exercido dentro da indústria.

Porém, para Maria Eduarda Alves da Silva, em sua estadia como auxiliar de loja e criação, vivia a cobrança para a entrega quanto antes fosse possível, deixando até mesmo de se alimentar algumas vezes. E por isso, visa a necessidade de prazos maiores, visto que a criatividade nem sempre possui a velocidade que a cobrança por algo novo produz.

A experiência do trabalhador na indústria da moda é um reflexo de desafios globais mais amplos relacionados ao trabalho, à justiça social e à sustentabilidade. Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, o crescente foco em práticas justas e sustentáveis oferece esperança para uma transformação positiva na vida dos trabalhadores da moda em todo o mundo pois a luta não há de acabar enquanto restar um de nós

Escrito por: Daniela Peixoto / Editado por: Gabriela Andrade

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *