A saúde mental é para todos?
A saúde mental é um assunto que nunca sai do topo. Principalmente quando na época da pandemia fomos obrigados a ficar em casa e não ter contato com as pessoas – o que para muitos causou problemas psicológicos e danos permanentes. No mês de setembro também é notado um acréscimo do debate sobre a causa, chegando até mesmo a nomearem de Setembro Amarelo.
No entanto, apesar de ser conhecida como “terra sem lei”, dentro desse debate, a internet veio para ter um papel importante com pessoas discutindo a questão. A partir disso, surgiram criadores de conteúdo associando a rotina de vida mais saudável às terapias. Essa relação tem o papel de influenciar as pessoas diariamente a se cuidarem de corpo inteiro, literalmente dos pés à cabeça.
Rotina saudável ajuda na saúde mental
Para o site Capital News, a psicóloga Giseli Oliveira falou sobre essa associação da rotina saudável com a saúde mental e como essa relação ajuda no desenvolvimento de uma mente mais tranquila e cuidada. “Algumas adversidades são inevitáveis, nos pegam de surpresa e precisamos de resiliência para superá-las, porém, a maioria delas podem ser evitadas quando mantemos uma rotina saudável como, por exemplo: dormir e se alimentar bem, meditar, praticar exercício físico, se afastar de pessoas e lugares tóxicos, focar em atividades em que estejam alinhadas com nossos valores e que nos levarão aos objetivos de vida desejados”, explica.
Desigualdade Social
Mas, na contramão, um dos principais determinantes da má rotina é a desigualdade social. Contudo, em um país onde comida na mesa não é a realidade de todas as classes, as taxas de desemprego são irregulares. Além disso, existem sistemas dominantes, é difícil tratar de pessoas sem falar da condição básica de vida que muitas não têm. Outro parâmetro inviável, é indicar possibilidades no qual o financeiro caberá.
“Afinal, para ter comida na mesa diariamente é preciso o uso do dinheiro.”
Ainda assim, segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde em 2018, o alvo dessa sequela é constituído por 45% de jovens negras se comparado a jovens brancos. Ainda, para a faixa etária de 18 a 24 anos, o desânimo, sensação de impotência, insônia, dores e desconcentração são alguns dos impactos gerados por situações externas, a exemplo da insegurança alimentar, que por muitas vezes não existe um controle pessoal.
Desse modo, ter o apoio de políticas públicas que tratam a causa com seriedade, buscar alternativas acessíveis, estabelecer rotinas humanizadas, ter terapias racializadas e criar um espaço de acolhimento à saúde mental abrangendo os recortes sociais são uma das urgências. Embora, isso não signifique que você tenha que “morar” em uma academia, o importante é encontrar algo que seja um benefício para o seu psicológico ser mais saudável, se enquadre nas condições e se torne acessível.
Mas como alcançar o coletivo?
A princípio, o acesso está diretamente ligado às possibilidades, e no caso da saúde mental são possíveis desde o institucional às organizações sem apoio governamental. Como:
- Comodidade a feiras, mercados e comerciantes locais para o consumo de frutas, verduras e legumes.
- Projetos com psicólogos pretos e terapia a preços econômicos ou gratuitos.
- Atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde) mais ampliado com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
- Rodas de conversas.
- Acompanhar criadores de conteúdo com rotinas semelhantes.
- Terapia em grupo.
- Apoio familiar e afetivo.
- Cursos oferecidos por Centros Culturais.
- Inserção ao meio artístico.
Não precisa (nem deve) ser uma rotina maçante, o que vale é se tornar digno ao social por completo.
Escrito por: Verena Sena e Gabriella Lima Rodrigues | Editado por: Flávia Pereira
3 Comentários
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Ana Flávia Neves de Souza
Amei a matéria, vocês arrasaram! Faço tratamento psicológico desde 2019, voltado para a bipolaridade e ansiedade. Durante essa jornada parei meu tratamento diversas vezes, pois não me senti no direito, ou melhor, “com tempo” para isso. E nesses últimos dias percebi, que corro incessantemente para chegar ao pódio, e aí, me perguntei, depois? Como vai ser? Valeu apena?
Enfim, são muitas questões e a terapia é fundamental nesse processo, quanto mais pessoas relatando a importância, acredito que maior será o número de pessoas que precisam, perdendo o medo de buscar ajuda.