Tendências

Amiga, você nasceu no Brasil!

Não é que você não tenha encontrado seu estilo; às vezes, você pode só estar focando nas tendências do hemisfério contrário.

Foto: Reprodução/Pinterest

Amiga, dá uma olhadinha na sua wishlist de roupas do Pinterest e me responde uma pergunta: quantas dessas roupas foram feitas para serem usadas no Brasil?

A todo momento somos bombardeados por tendências, looks do dia, coleções novas, alta costura e por aí vai. Surge automaticamente o desejo de se integrar ao bonde das luluzinhas e ser a it girl do momento. Mas será que todas as tendências lançadas foram feitas para o seu estilo de vida?

Eu me coloco no meio também: se você rolar minha pasta no Pinterest, vai encontrar roupas com milhares de sobreposições, casacos de pelos enormes e pesados, botas de cano longo e uma vasta gama de opções.

Mas para e pensa: esse tipo de roupa foi feita para você? Moramos em um país tropical e, dependendo da região, o frio passa beeem longe. Ficamos tão fissurados em seguir cantores gringos, tendências europeias e estadunidenses que esquecemos da principal utilidade da roupa: nos vestir!

Ao mesmo tempo, existe uma raiz mais profunda nessa conversa que poucas pessoas percebem: a influência da antropologia colonial está muito ligada à forma como entendemos e estudamos moda.

Questão histórica

Durante séculos, países tropicais, como o Brasil, foram ensinados a olhar para a Europa como referência absoluta de civilização, elegância e “bom gosto”. Isso não aconteceu por acaso: foi um processo histórico em que culturas locais — principalmente culturas pretas e latinas — foram consideradas inferiores e inválidas, enquanto o que vinha da Europa e dos Estados Unidos era visto como superior, tornando-se um desejo inalcançável.

Esse olhar continua presente em nós. Quando pensamos que um casacão europeu é mais “estilo” do que um cropped da Planet Girl, feito para o nosso clima, estamos, sem perceber, reproduzindo uma lógica colonial: a ideia de que o que é considerado chique não combina com a nossa realidade.

Basicamente, fomos ensinados a acreditar que a moda que não serve para o nosso clima vira ideal de elegância, enquanto o que é funcional e brasileiro parece “menos”. E isso não é coincidência, é herança.

Não quero dizer que é errado você querer seguir tendências de fora. Está tudo bem, eu também gosto. Mas o principal ponto é sempre se lembrar de que você não está perdida em relação ao seu estilo ou que não é estilosa; às vezes, você está apenas se comparando com realidades climáticas diferentes (e financeiras, mas isso é papo para outro texto).

Em uma conversa com uma amiga, ela me soltou uma frase que me faz pensar muito sobre o que de fato é moda, principalmente em relação às tendências inalcançáveis: “Estilo não é o que você veste, é o que você atravessa quando você veste.”

Escrito por Isabelly Godoy | Editado por Ana Carolina Gomes

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *