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Descubra a MASS: Arte e Revolução em São Paulo

Explore a Mostra de Arte Subversão e Sobrevivência em São Paulo, destacando designers e marcas independentes. Uma experiência cultural única ocorrida em 28 de outubro de 2023.

No centro cultural Marieta ocorreu a MASS – Mostra de Arte subversão e Sobrevivência no último dia 28 de outubro. Como resultado, o evento atraiu a atenção da comunidade artística.

Com o objetivo de evidenciar a arte, design, cultura, criatividade preta, LGBTQIAP+, neurodivergente e periférica; a mostra foi feita por artistas independentes, destinada especialmente para artistas independentes. Celebrando cada artista convidado, enquanto suas expressões são vistas como resistência e subversão ao sistema opressor, branco e capitalista.

A MASS foi idealizada por Hilda Vieira com o Hurricane Hub em colaboração com Raphaello Sabbath da F*57, contou com a cobertura da Untapped Magazine e SPfits; reunindo moda, música, exposição de arte e painel.

Hilda Vieira, que é stylist, figurinista, professora e inquieta por natureza, compartilha como a ideia da mostra se consolidou. “Eu tenho um certo histórico com movimentações culturais, porém, tive que abandonar essas movimentações por um tempo por conta de sobrevivência e resistência no mundo da moda”, diz. “Assim que me estabilizei, senti falta dessas movimentações, que são importantes e nisso, surgiu a MASS. O processo foi complexo, produzimos tudo em muito pouco tempo mas foi uma construção que contou com diversas mãos, e que deu muito certo ”, finaliza.

Entre artistas e marcas que prestigiaram o evento estão: Negrotti, GabrielleJpgg, DASILVA, Salamanta, Sideways, S3bosa, Mocamba Ateliê, EMIE, Amargo TTT, Biomba, Arte Trava. Os DJs Lekan, Fatkidd e DJRENATO enriqueceram a atmosfera musical, enquanto a galeria viva do Mass apresentou obras marcantes de Brendyzinha, Louise Ayo, Caio Akotê, Lucas Tryk e Gabi Khazrik. Além das exposições, um workshop de moda conduzido por Hilda Vieira expandiu as experiências.

Mostra de Arte Subversão e Sobrevivência – MASS

Participantes da MASS Transformam Experiências em Expressões Motivadoras

Ao conversar com Niklas, artista da marca S3bosa, eventualmente pude sentir que este propósito tem uma base com laços profundos. Desse modo, a autenticidade de sua arte ganha vida. “Sou da Periferia de Guarulhos, filho de mãe solo. E toda a minha arte começou com a minha avó Cleonice, que era mais artística enquanto a minha família tinha uma veia mais administrativa. E ali, eu construía coisas com ela, claro que em menor quantidade, peças mais especificas e artísticas”, de acordo com Niklas, que transforma relógios que encontra em garimpos em belíssimos colares e pulseiras.

De fato, sua habilidade artística, além de técnica, carrega a essência única de cada peça. Entre as obras exclusivas na exposição com flores ressecadas, conchas, argolas e ilhoses, enfeitando colares, brincos e chokers. Todas as peças faziam parte de pesquisas do artista e também das coleções Pandora e Nice.

Ali não era lugar de competição, mas de coletividade. “A gente tenta fazer o nosso corre com a arte acontecer e manter esses contatos como os de hoje, e é claro sempre trazendo as vivencias de periferia, originaria e no meu caso, trans-masculina, e nisso baseio a minha arte” – Conta Caio Akotê, artista visual que explorava “cores” em suas obras, buscando provocar sentimentos com interpretação livre. Assim, sua arte se tornava uma experiência única para cada espectador.

Conexões Essenciais para Potencializar Arte, Cultura e Diálogo no Mercado

Cada artista era a conexão que o outro precisava, e vice-versa. Dessa forma, formou-se uma rede de colaboração única e complementar. “Quero cada vez mais trabalhar com isso, evoluir. Trabalhar com outras pessoas que forneçam um material bom e movimentar o mercado com uma galera da hora e essa é a minha ideia. ” Conta André, da Amargo. Ele, que é tatuador, estava na MASS expondo suas ilustrações. Como resultado, suas criações estampavam ecobags, camisetas e lambes.

“Meu trabalho começa com cenografia e figurino.” Cita Bioncinha, que iniciou a Biomba na pandemia. A marca combina o upcycling com a estética de quebrada, ao passo que envolve mix de tecidos finos como o jacquard com tecidos como jeans. Na mostra, Biomba destacava a Bombojaco, que é a jaqueta bomber carro chefe da marca, juntamente com peças da coleção inverno e primavera.

Joana Jade, da marca Arte Trava destaca-se acima de tudo ao trazer moda circular com pilares na sustentabilidade, upcycling e originalidade em cada peça produzida. “A ideia é a pessoa vista uma arte única.” Conta. “Aqui cada peça não tem a passibilidade de ser copiada ou de ser replicada e esse é o objetivo, levar arte de forma sustentável”, conclui.

Já Emie leva a visão de seu Jardim para o MASS. Ela é uma artista de de Gel-nails. As unhas do jardim de Emie tem plantas carnívoras, cobras, folhas de outono e raízes. “Cada cliente tem um set único de unhas postiças em gel. Faço elas sob medida para cada cliente e isso é feito junto com ele, assim, estarei fazendo um kit que fale com a personalidade do cliente e que possa ser usado várias vezes e em diversos momentos. ”

Todos os colaboradores e expositores do MASS convergem na utilização de moda, comunicação, pluralidade e identidade para facilitar a expressão da subjetividade e liberdade, sem ferir, mas sim amplificar.

Da esquerda para direita: Gabrielle Neves, Raphaello Sabbath, Da Silva e Negrotti.


Essa união de propósitos fica evidente no painel de conversa com Raphaello da F*57, Negrotti da Untapped Magazine, Hilda, o produtor de moda e estilista Da Silva, e a jornalista Gabrielle Neves. No decorrer da roda de conversa, compartilharam experiências de vida e aspirações. Ao mesmo tempo, discutiram a importância do acesso à cultura, arte, políticas públicas, subversão da imagem e narrativa, bem como a conquista de espaços. Enquanto o painel se desenrolava, uma frase ecoava fortemente, fortalecendo-se como o tema central da conversa: “Nada é mais poderoso e revolucionário do que um grupo unido com o mesmo objetivo, foco e movido pelo mesmo sentimento.”

Subvertendo o Sistema para Sobreviver

Neste sentido, cada pessoa presente é mais que necessária para subverter o cenário brasileiro. Logo após o painel, houve um desfile com as marcas presentes; assim, todas as ideias se fundiram massivamente, deixando uma marca visceral em quem estava no evento. Iniciado com palmas em sintonia ao batuque do funk, o desfile culminou com a harmonia de samba, new rap e a onipresença das obras dos Racionais MC’s. Tal qual todas as celebrações, a mostra encerrou com uma festa. Por fim, ainda teve muita música, drinks e a galera se unindo.

Definitivamente, mostras como estas são essenciais para mudanças palpáveis, repercutindo em muitos aspectos positivos, tanto cultural quanto socialmente. E finalizando com a frase oficial da mostra; “Viver de cultura e arte é sobreviver e subverter nosso meio social através das nossas narrativas”.

Escrito por: Pamela Carvalho | Editado por: Ana Carolina Marinho

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