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Project Primrose: Moda da Capital muito próxima de acontecer

Project Primrose é uma tecnologia que altera até então, formas, designs e exibe imagens em display têxtil flexível. Dessa forma, os segmentos de moda e tecnologia nunca estiveram tão próximos, e os frutos deste relacionamento já estão dando seus primeiros passos. O Project Primrose, lançado pela Adobe no mês de Outubro, mostra que essa relação só está começando. Criado (e até costurado!) pela pesquisadora Christine Dierk e seu time, TJ Rhodes e Gavin Miller, o vestido não foi a primeira peça criada pelo projeto, mas sim, a primeira roupa exibida e demonstrada para os fãs de TechnoFashion.


Adobe proporcionou uma pequena brecha para o futuro com a criação de um vestido interativo com o Project Primrose

Com duas criações no total, a primeira delas uma bolsa, e a segunda o vestido, o projeto almeja mudar a forma em que a moda é feita atualmente não somente para quem a utiliza, mas também para os designers: “Esperamos que esse trabalho inspire futuros designers de displays flexíveis”, Christine cita na introdução do projeto em seu site.

“A moda não precisa ser estática. Ela pode ser dinâmica e até interativa.”

Christine Dierk

A exibição do vestido e sua demonstração aconteceu no evento da Adobe MAX 2023, uma conferência de tecnologia que é realizada anualmente, e neste ano, aconteceu em Los Angeles.

Os detalhes do Project Primrose

O design simples, estrutura reta e cores neutras é um dos aspectos do vestido, mas esta não é a sua característica principal. O que parece em formato de lantejoula, na verdade são difusores de luz refletivos não emissivos. É por meio desses difusores que o vestido funciona como um canvas, uma tela. Quem utiliza o vestido pode criar inúmeros padrões de imagens utilizando aplicativos da Adobe, como o After Effects, Firefly, Illustrator e Stock.

O vestuário é muito mais do que algo que você veste para te proteger, seja por pudor, ou da chuva, ou do calor, ou do frio. Ela é comunicação. E a Adobe, sendo uma empresa de imagem, é uma empresa de comunicação. Então, nada mais natural do que essa parceria entre as duas para mudar a forma com que a gente se comunica pelo nosso vestuário.

Taisa Vieira Sena

A professora de design da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Taisa Vieira Sena abordou a visão do vestido e sua criação:

“O vestido em si é simples, mas a grande jogada aqui é eles poderem ter modificado de uma tecnologia que antes tinha que ficar numa estrutura estática, mais rígida, para uma estrutura com movimento.”

O design

Project Primrose

A simplicidade no design e a proposta de inovação por meio do movimento criado pelos difusores foi o que originou a comparação da roupa com as utilizadas pelos moradores da Capital de Panem, do filme Jogos Vorazes. “Vibes da Capital dos Jogos Vorazes. Literalmente chamado de Project Primrose”, foi um dos comentários que fez tal comparação.

No caso do filme e nos livros da distopia, quem utilizava este tipo de roupa eram aqueles com mais acesso à recursos, a elite presente na Capital. Taisa Vieira, que também tem bacharel em moda, explicou ainda mais como isso pode se comparar com o Project Primrose: “Como toda peça de moda, existe a Teoria do Gotejamento, ou seja, que as tendências começam nas classes de maior poder aquisitivo e depois elas vão gotejando, camada por camada. À medida que elas vão sendo barateadas, elas vão descendo e chegando até a população de larga escala.”

Taisa também comentou e citou outro exemplo que pode ser visualizado. Na idade média, a nobreza tinha o hábito de se vestir com cores muito difíceis de reproduzir, e a população tentava reproduzir tais cores. Por outro lado, se hoje temos os strass, antigamente os bordados eram realizados com pedras e cristais verdadeiros. O que acontece é uma adaptação e barateamento de recursos, aliado à vontade e desejo de utilizar e reproduzir os mesmos modelos. “No início com certeza vai ser algo elitizado, mas depois vai poder estar em grande escala comercialmente e possivelmente nós vamos ter camisetas com plaquinhas”, comentou a professora.

Os excessos após Gotejamento

Só para ilustrar, a alta produção somada com o barateamento gera uma consequência: o alto número de consumo. Quais seriam as consequências de produzir em excesso, roupas que não demandam somente linha e tecido?

“Se olhar do ponto de vista da produção de matéria-prima, com certeza a moda digital é mais sustentável, porém, se gera uma NFT para essas peças, a energia consumida para cada NFT é muito alta, é equivalente ao consumo de uma família. Se pensar do ponto de vista da energia, ela não é tão sustentável assim. E aí se a gente pensar na questão das telas, então se começar a produzir muitas, muitas telas, onde que essas telas vão parar? Qual o tempo de manutenção? Quanto que dura?” perguntou Taisa.

O futuro já chegou, e ele bate cada vez mais forte na porta. Na verdade, ele já está entrando. A criatividade é sempre muito bem-vinda, e a Adobe está implementando ela em seus designs muito bem. Mas toda criação trás suas consequências, neste caso, para quem a compra, e para quem a usa.

Escrito por: Pietra Gabiatti | Editado por: Flávia Pereira

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