
MFW: Prada desafia padrões femininos em coleção primavera/verão 26
Grife italiana uniu utilitarismo e desconstrução para questionar os códigos de estilo e feminilidade.
Ao som de beats eletrônicos e com cenário laranja, a Prada apresentou na última quinta-feira (25) sua coleção primavera/verão 2026. Na passarela, a marca desafiou convenções e padrões estéticos nas combinações de tecidos e cores, em uma coleção que transitava entre o estilo utilitário, prático e modernista.
Moda como gesto crítico diante do presente
Em geral, a nova coleção foi composta por tops curtos, camisetas de botão, calças de alfaiataria e saias multifacetadas, que deu espaço a uma leitura reflexiva sobre a atualidade. Sob a direção de Miuccia Prada, ao lado de Raf Simons, a coleção se apresentou como uma resposta direta à sobrecarga cultural do presente, segundo uma declaração da própria marca.
Esse gesto crítico não é novo: já em uma entrevista à Vogue Brasil, em 2018, Miuccia dizia que “todos os meus desfiles respondem a um instinto do que sinto que é relevante na vida naquele momento”. Se antes esse instinto se traduzia em leituras sociais sutis, agora ganha ares de urgência em meio a um cenário saturado de estímulos visuais.
A estética da imperfeição como recusa ao óbvio
O destaque esteve nas saias, elaboradas por meio de técnicas de justaposição de tecidos e cores, que assumiram formas ora armadas, ora propositalmente amassadas, evocando textura de papel. Os recortes geométricos, quadrados, assimétricos e sobrepostos, também marcaram presença, reafirmando a vocação da grife para provocar e desafiar consensos estéticos, em vez de buscar agradar a todos.

Já com os acessórios, a co-direção entre a italiana Miuccia Prada e o belga Raf Simons apostou em itens pontuais, porém marcantes, como luvas longas de couro ou cetim, brincos e pedrarias. Além destas, as bolsas mantiveram a tradição utilitária da marca, e os scarpins de bico fino trouxeram de volta uma feminilidade clássica, em contraste direto com suspensórios e peças de linhas retas.
A coleção revisitou camisas de botão e blazers simétricos, atualizando códigos tradicionais de alfaiataria em uma leitura de gênero fluido que tensiona limites entre o masculino e o feminino. A Prada, assim, questiona a ideia de “feminilidade”, ora rigorosa e austera, ora expressiva e lúdica. Mais que estética, essa reconfiguração é política: desloca a roupa do óbvio para a reflexão.

Entre sobriedade e ousadia: como a cor faz parte da narrativa Prada
Por fim, a paleta da Prada alternou entre tons sóbrios e cores vibrantes, como verde-limão, azul-turquesa e amarelo-manteiga, reforçando o contraste que atravessa a coleção e sua capacidade de transformar o inesperado em sofisticação.
Escrito por: Brunna Bitencourt / Editado por: Maria Clara Machado

