Vivienne Westwood resgata tradição em coleção exótica
“Uma tradição só se mantém viva se lhe for acrescentado algo” – a frase de Henry James não poderia descrever melhor o desfile de Inverno de Vivienne Westwood. Com efeito, utilizada como legenda em post no Instagram sobre a coleção, a sentença traduz a ideia de reconceituar o tradicional através da introdução de elementos diferentes .
Sob a direção criativa de Andreas Kronthaler, viúvo da estilista, os visuais se pautaram em referências maximalistas que beiram o bizarro. Nesse sentido, o designer traz uma abordagem dramática em looks confeccionados com mix de estampas e trabalhados em tons sóbrios.
O desfile Vivienne Westwood
Quando se trata de Vivienne Westwood, diferente é um eufemismo para a moda da maison. Os desfiles em si são performances artísticas, ainda mais no caso da coleção atual. O evento se iniciou com uma apresentação de um grupo de dança de folk, composto por Simon Mayer, Matteo Haitzmann e Simon Wehrli. O trio SunBengSitting x Sons of Sissy trouxe um número com giros, palmas, danças e canto.
Durante a atuação do grupo, cortes de lenha e palmadas no bumbum deixaram o público em choque. No decorrer da performance, as modelos ingressaram na passarela com visuais oversized, em sobreposições e rico em estampas.
De acordo com o estilista, a inspiração foi além dos arquivos da marca, trazendo referências do Renascimento. Uma exposição do artista Giovanni Battista Moroni, em Milão, foi uma das principais inspirações. Mesclada a elementos esportivos, a coleção ganhou uma estética única, tradicional de Westwood.
“O vestuário masculino na Renascença era bastante interessante. Havia todas estas leis contra o uso de roupas demasiado reveladoras. Em Florença, punham-nos na prisão porque, a certa altura, os homens deixavam mesmo tudo à mostra”, contou o stylist.
As peças
Dessa forma, a feira renascentista de Kronthaler atingiu o equilíbrio perfeito entre referências históricas e elementos característicos da maison. Uso de xadrez, sobreposições, trench coats esportivos e despojados e peças íntimas por cima de calças e bermuda deram o tom à coleção.
Similarmente. botas de salto e cano alto e largo junto a sapatilhas com meia se destacaram na parte inferior dos visuais. O uso de volume também foi bem explorado nos vestidos, em aplicações na saia, nos ombros ou no comprimento abaixo dos seios. Além disso, líder da estação, a estética coquette foi outro elemento incorporado, através de laços nas peças.
Os anos 1600 também foram referências na coleção, através do uso de preto, clássico do período. Bem como um dos visuais utilizados por Sam Smith, cantor que fez participação especial no desfile, a tonalidade foi predominante. Kronthaler explica que enxerga o tom como o mais elegante de todas as cores, sendo, ao mesmo tempo, uma aposta certeira.
Escrito por: Mariana do Patrocínio / Editado por: Gabriela Andrade