Comportamento,  Cultura,  Moda

Moda e a identidade cultural

A moda é muito mais que look do dia e tendências. A moda é um meio de comunicação de povos, raças e identidade.

Quando pensamos ou ouvimos falar em moda, a primeira coisa que imaginamos é, look do dia, tendências, desfiles, grifes e etc. Mas deixa te contar uma coisa: a moda vai muito além de look do dia. 

Antes das tendências, dos “simples” desfiles, a moda antes de tudo é política, economia e postura social. Além disso, ela expressa a cultura de cada povo, raça, costumes, hábitos e dentro de inúmeros aspectos.

No artigo no site Meer, escrito pela colaboradora Ana Margarida Meida, ela cita que a moda ao longo dos anos vem trazendo identificação e dinamismo das sociedades. “Ao longo do tempo, a moda serviu como espelho das dinâmicas e das práticas dos contextos onde se insere, construindo-se como discurso ao comunicar traços distintos e identitários de cada um e de cada coletividade. Inserimo-nos numa sociedade definida pelo consumo e que é, simultaneamente, hedonista e individualista”, diz. 

A moda como movimento cultural

Nem sempre a moda foi vista dessa forma, como um movimento cultural. A indústria por muitos anos, era vista como intocável, não era qualquer pessoa ou condição social que era convidado para partilhar desse universo. Visto que a referência de moda que nos era apresentada era Europeia, não tínhamos outras referências. 

Quando pensamos no povo preto, o que eles tinham de referência para sua cultura? No âmbito social não tinha representatividade, não tinha oportunidade para ter destaque e visibilidade. Portanto, entendemos porque da moda ser vista como algo exclusivo e elitizado.

Moda e cultura
Foto: Arquivo pessoal(Reprodução/Instagram @deborah_morais_)

Sobretudo essa ideia e “exclusividade” foi difundida pela elite, e com essa bolha formada como que fica a moda das ruas? das periferias? a moda preta e das minorias? É uma discussão que pode ser vista como complexa, mas é algo fácil de analisar e se deve debater.  

No artigo do site Elle, a mestre em ciência da religião, Hanayrá Negreiros, cita no seu texto que essa exclusividade mudou com os avanços das redes sociais. A internet é uma ferramenta – quando bem utilizada – para discutir sobre vastos assuntos e dar visibilidade. “A internet e as redes sociais mudaram um pouco isso, fazendo com que os olhares fossem ampliados e as vozes que antes eram silenciadas, sem muita chance de repercussão, ganhassem mais escuta”. Explica.

Moda e cultura
Foto: Arquivo pessoal (Reprodução/Instagram @deborah_morais_)

IDENTIDADE

O conceito sobre a identidade são atributos que caracterizam cada pessoa, ou seja, características que diferencia uma pessoa das demais. Sendo assim, mostrando como cada ser tem seu DNA e individualidade.

Assim, podemos entender como a moda tem relação com as vastas identidades. Por exemplo, a comunidade preta, certamente a cultura desse povo é ampla e simbólica.

Foto: Arquivo pessoal (Reprodução/Instagram @zuhrimodaafro)

Os acessórios: argolas grossas e correntes. Características que mulheres e homens adotaram como identificação. Mas vão surgir: mas esses acessórios não são exclusivos da cultura preta. Sim, não é, o que vem mostrar que a comunidade negra adaptou para a sua identificação, usando cores vibrantes, desenhos característicos da raça e dentro outro. As correntes foram popularizadas  pela forma no hip-hop que é um gênero do povo preto.  Mostrando riqueza e poder, pois o povo negro não era visto nessa condição. 

Alfaiataria Oversized: Se popularizou pela influência do cantor de jazz Cab Calloway, no ano de 1930 em uma das suas apresentações. Com a sua visibilidade o estilo de roupa se espalhou e vou adquirida pela população negra e latina. 

Tranças: As tranças são um dos pontos fortes da cultura. Elas representam identificação dos povos, dos costumes de cada povo, da região, religião e território. Um símbolo de luta e resistência. As tranças eram uma forma de fuga, os formatos das tranças eram os desenhos dos caminhos para os escravos fugirem, por isso, que não é um simples penteado e, sim, uma simbologia ancestral.

Globalização

Usando a cultura preta como exemplo, um exemplo significativo, podemos abrir mais a mente e entender essa relação da moda no âmbito da identidade cultural. Em mundo não distante víamos uma indústria branca e exclusiva. Hoje, temos uma amplitude de vários movimentos culturais. 

Dessa forma, podemos ver pelos desfiles, onde os estilistas usam essas “performance” para protestar, para dar visibilidade para um movimento, para uma comunidade. 

moda e cultura
Foto: Arquivo pessoal (Reprodução/Instagram SPFW @manoelsoares)

Portanto, a globalização é um fator responsável pela expansão da  identidade cultural na sociedade que entra na indústria da moda. A cada dia vemos que a moda não é exclusiva e que não está dentro de uma bolha elitizada e branca. 

Olhando de longe, enxergamos uma indústria colorida, com várias raças, símbolos, costumes, CULTURA e IDENTIDADES. Esse espaço está mais amplo e traz mais oportunidades. 

“Fica entendido que o conceito de moda difundido pelas elites nunca deu conta de celebrar as riquezas estéticas, históricas e culturais que se insurgem em narrativas e discursos e movimentos nas brechas das sociedades. São essas vozes as que sempre pensaram o vestir como uma expressão de arte e como uma maneira de se comunicar e contar outras tantas histórias”. Hanayrá Negreiros, artigo no site Elle.

Me chamo Gabriella Lima, tenho 24 anos e sou formada em Jornalismo. Sou apaixonada pelo mundo da moda e a forma como podemos usá-la para nos expressar.