Comportamento

Laís Franklin: entrar na Vogue não foi de primeira, nem de segunda

Você já deve ter assistido a filmes sobre a carreira em moda. Mas será que é assim mesmo? Em palestra, a ex editora digital da Vogue Brasil e atual editora chefe da Bravo! fala sobre sua carreira como jornalista de moda

A era da tecnologia construiu novas possibilidades para a humanidade, mas foi a pandemia que intensificou alguns hábitos, como é o caso dos encontros virtuais. Com um sorriso tímido e batom vermelho vibrante, Laís Franklin entrou na sala online e apresentou o tema da sua palestra: “Carreira, perrengues e aprendizados” para os alunos de jornalismo de moda da Cásper Líbero. Ela chegou atrasada naquela noite quente de 18 de janeiro, mas a turma a perdoou, já que ela havia desmarcado um jantar importante com a Kenya Sade para estar ali.

Laís Franklin em palestra online cedida aos alunos da Cásper Líbero

Experiências na Vogue

Laís Franklin é jornalista há 6 anos e já carrega uma bagagem profissional de boas histórias. Ela passou por uma série de editoras renomadas como a Editora Carbono, Veja SP e Vogue Brasil – um currículo de dar inveja para qualquer jornalista de moda amador. Mas se engana quem pensa que foi fácil. Laís explica que para ela o sonho de entrar na Vogue foi como o hit “The Climb” da Miley Cyrus, distante e com grandes montanhas “Entrar na Vogue não foi de primeira, nem de segunda. Eu bati na trave duas vezes e dois anos depois eu estava disponível”, conta. 

Laís Franklin
Laís Frankin na Vogue (Reprodução/Instagram)

Na Vogue Brasil, Laís Franklin foi repórter de cultura e lifestyle, assistente e editora digital – cargo no qual ocupou 5 anos de profissão.

Com orgulho, ela apresentou rapidamente as capas digitais em que ajudou a montar como a da Juliette e da Rebeca Andrade, e destacou um dos momentos mais marcantes de sua carreira: uma entrevista de apenas 5 minutos com Viola Davis após o sucesso da Netflix “A voz Suprema do Blues”. Para ela, o momento representa as dores e delícias de fazer uma coisa pela primeira vez “Fui fazer uma limonada de um limão muito amargo, eu esperava ter mais tempo, tinha várias perguntas, e no fim fiz pouquíssimas. Mas é muito legal quando você tem aqueles momentos em que o coração bate mais forte”, explica. 

Jornalismo de moda vale a pena? 

Atualmente, na sociedade comum muito se fala que o jornalismo vai acabar. E a afirmação até faz sentido quando observamos que a nova geração simplesmente não consome mais a tv, e muito menos o impresso.

Contudo, na academia universitária a pauta é outra, afinal o jornalismo está se transformando. Não está mais só na tv ou no impresso, agora está nas redes sociais, na internet, no blog, com os influenciadores, enfim, em todo lugar. Mas, é claro, o jornalismo passou por alguns anos sombrios. Canais tiveram que se transformar, se associar ao digital, jornais saíram das bancas e foram para o “.com” e algumas revistas foram descontinuadas, mas outras, por outro lado, persistem, como é o caso das revistas de moda Vogue, Elle, Harper’s Bazaar, Glamour e por aí vai. 

Laís Franklin
Reprodução/Instagram

Tais mudanças fundamentaram parte das discussões no encontro online, já que os participantes eventualmente levantaram o assunto sobre o preconceito contra o jornalismo de moda.

Entretanto, para Laís o jornalismo de moda, ainda que reformulado e apesar de alguns preconceitos, tem muito mais a colaborar do que parece. Como justificativa ela exemplifica a última coleção da estilista Angela Brito que foi estampada pelo artista plástico Maxwell Alexandre, “A moda está em todos os lugares, de arte e cultura. Como diz minha amiga, se for só tecido não vale a pena e aqui é um exemplo muito bacana de como as histórias estão conectadas. Tem muita história atrás dessas estampas, nenhuma dessas obras de arte foram feitas à toa. Tem muita coisa aí pra gente pensar”, conta. 

Sem receita de bolo!

Quem está estudando ou quem já se formou e caiu no mercado de trabalho sabe o quanto é difícil conseguir o emprego dos sonhos, ainda mais quando se trata de uma carreira no jornalismo de moda. Perguntas como “Existe caminho fácil?”, “Estou no caminho certo?”, “Como conseguir o emprego dos sonhos?” aterrorizam qualquer recém formado. Mas, para a jornalista não existe receita de bolo – embora ela sempre procure por uma nas revistas. 

Para ela, o que funcionou foi criar uma conexão nos lugares em que ela sonhava trabalhar. Na palestra, ela frisa que o ideal é evitar o comum e demonstrar ter relação com o veículo em que sonha “Eu pensava: o que eu vou fazer que entre os 50 e-mails que a pessoa receber, ela lembre do meu? Cada um tem uma essência, use ela. Usem suas potências”, aconselha. 

Na reunião, a atual editora chefe da Bravo! apontou outras dicas: ter uma carta de recomendação, ser curioso, possuir reportório, conhecer a empresa e construir portfólio profissional. “Quando eu fui chamada para a entrevista na Vogue, eu reuni todo o meu trabalho em um portfólio. Incluí uma carta de recomendação e as capas que eu já tinha feito na Veja. Enfim, eu pautei toda aquela conversa sobre tudo o que eu já tinha feito. As possibilidades são muito amplas, dá para você criar sua própria voz”, finaliza.

Escrito por: Carolina Duque | Editado por: Flávia Pereira

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