Jean Paul Gaultier pelas mãos de Ludovic de Saint Sernin
No último dia 29 de janeiro (quarta-feira), a grife Jean Paul Gaultier apresentou, em Paris, sua então coleção para a semana de Alta-costura Verão 2025. Desta vez, quem assinou a coletânea de looks que desfilaram na passarela foi o estilista belga, Ludovic de Saint Sernin.
Jean Paul Gaultier: A marca
A dinâmica de convidar estilistas para o prestigiado atelier e deixá-los desenhar as peças da coleção de Haute Couture existe na JPG há cinco anos. Em 2020, Jean Paul Gaultier aposentou-se do mundo da moda, após 50 anos de carreira. A partir de então, deu início a uma nova fase de sua marca: toda temporada é comandada por um diretor criativo diferente.
Cada coleção apresentada é uma combinação de elementos clássicos e marcantes de Gaultier com a personalidade e o olhar do estilista convidado. A lista é composta por diversos couturiers, incluindo Nicolas di Felice, Simone Rocha e Haider Ackermann. Essa mistura traz, ao mundo fashion e aos desfiles da grife, uma novidade, um frescor e uma diversidade, a última sendo a especialidade do criador da marca.
De Saint Sernin é conhecido por seus looks sem gênero e por seu estilo sensual, com espartilhos e detalhes de ilhós. Apesar de ter somente 31 anos, o designer traz consigo uma vasta experiência no ramo da moda, tendo atuado na Balmain por dois anos e, logo depois, criado sua própria marca. Além disso, celebridades como Dua Lipa, Ashley Graham, Troye Sivan, Kim Kardashian e Kylie Jenner compõem o repertório de personalidades vestidas por ele.
A submersão de Ludovic
A primeira coleção apresentada em 2025 pela maison recebeu o nome de “Le Naufrage”, ou “O Naufrágio” em português. É possível observar claras referências à coleção de verão 2008, quando Gaultier se inspirou em piratas para produzir o desfile. Embora ambas as coleções, de 2008 e 2025, façam alusões ao cenário oceânico/subaquático, ao compará-las, fica claro que o direcionamento diverge.
Ludovic mistura a estética sexy com o clássico elemento disruptivo da marca. Tanto os modelos quanto as peças evidenciaram a inspiração na mitologia marinha, principalmente nas figuras místicas como ninfas.
Os modelos pareciam ter acabado de sair do mar para o desfile, com os cabelos molhados e as roupas aderindo ao corpo, como se ainda estivessem envoltos pela água. Muitas roupas eram feitas com tecidos fluidos e tinham aspecto de gastas e sujas de areia. Espartilhos angulares ganharam destaque e apareceram em versões como body, blazer estruturado e na forma tradicional. Além disso, adereços nas cabeças em formatos de caravelas, looks amarrados por cordas, timões posicionados na altura dos seios como sutiãs e espias usadas como xales compuseram o conceito e a narrativa criados pelo convidado.
O casting das modelos trouxe nomes de peso para o desfile. Entre eles, estão Alex Consani, Amelia Gray, Angelina Kendall, Candice Swanepoel, Luiza Perote e Paloma Elsesser. Mesmo com todos esses rostos conhecidos e aclamados mundialmente, o próprio criador da coleção quis atravessar a passarela ao final do evento usando um corset preto angulado, calças curtas e transmitindo um ar de pirata misterioso.
O que ficou do desfile
As peças trazidas para o desfile são interessantes, e Ludovic conseguiu capturar vários elementos do mar e transforma-los em looks dignos de uma semana de alta costura. O aspecto sensual, agênero e minimalista do estilista se destacou e mesclou muito bem com o DNA da casa, que sempre tem um toque divertido e disruptivo.
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Escrito por: Gabriela Vinhaes | Editado por: Letícia Virgínia
