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Dior: a elegância histórica nas passarelas de Paris

Já não é de hoje que a marca Dior é considerada um símbolo de elegância e beleza. Entretanto, o que segue surpreendendo seus espectadores é como a marca continua sendo capaz de se modernizar e atingir novos públicos sem perder sua essência. O desfile da marca na Paris Fashion Week (PFW) foi, mais uma vez, uma mistura incrível do antigo e do moderno. E com uma pitada de política – coisa que Maria Grazia Chiuri, diretora criativa da grife, adora fazer. 

Dior da cabeça aos pés

Pessoas que não têm contato com a marca há muito tempo, podem ter achado a coleção de Outono/Inverno um pouco básica. Essa opinião surge por causa das peças clássicas com cores neutras (bege, branco, preto, cinza e no máximo um vermelho ou jeans). Apesar disso, posso garantir que elas vão muito além disso. “Miss Dior” inspira a coleção (palavras estampadas em algumas das peças do desfile), uma linha lançada pela grife em 1967 visando atrair mulheres mais jovens.

O conceito por trás da tal “miss”, é criação de Philippe Guibourgé, assistente de Marc Bohan. E tinha a intenção de alcançar a ambição de Christian Dior de vestir mulheres ao redor de todo mundo. Em suma, a ideia era que as peças fossem fáceis de usar. E como o próprio Christian disse: “Eu quero que uma mulher possa sair da loja vestida com a marca da cabeça aos pés, até carregando um presente em suas mãos”. 

Desfile Dior no PFW 2024.
(Reprodução/ Fashion Week via Instagram)

Por causa disso, a coleção de Inverno 24 tinha peças que, embora mais “simples”, não perdem a elegância e a beleza que torna a Dior – e quem a veste – especial. Muitos trench coats, blazers e jaquetas, saias midis e vestidos cuja silhueta lembra os anos 60, peças de brilho delicadas e tecidos como lã, jeans e couro foram os pontos chave do desfile. Além disso, acessórios em dourado, bolsas seguradas na mão, sombra rosa no canto do olho, botas de cano alto, estampa xadrez e animal print de oncinha trouxeram toda a diversão para a passarela.

Maria Grazia e modelos do desfile.
(Reprodução/ Maria Grazia Chiuri via Instagram)

Guerreiras sob o palco 

Felizmente, Maria Grazia Chiuri não só trouxe uma coleção belíssima, como também trouxe voz para uma artista com uma mensagem importante. A artista indiana Shakuntala Kulkarni, fez uma busca sobre o poder e vulnerabilidade das mulheres e seus corpos até chegar nas armaduras feitas para as guerreiras indianas. Segundo Shakuntala, ao mesmo tempo que as armaduras eram feitas como proteção o corpo feminino do mundo, elas também aprisionam.

A partir disso, a artista projetou armaduras de diferentes materiais (bambu principalmente) que ficaram no centro da passarela. E que também estavam expostas em fotos ao redor da sala. A ideia por trás disso era promover o pensamento crítico a respeito dos corpos femininos e seu aprisionamento na sociedade. 

Armadura feita pela artista  Shakuntala Kulkarni.
(Reprodução/ Maria Grazia Chiuri via Instagram)

Assim, o desfile da Dior promovia a elegância, mas também a luta do feminino. A ideia apresenta uma coleção cujas peças são feitas para que toda e qualquer mulher possa usar, ultrapassa a beleza estética (embora seja tudo muito bonito). Quem dera todas nós pudéssemos ter acesso às peças da Dior, né?

Escrito por: Gabriela Travizzanutto / Editado por: Gabriela Andrade

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