Sonho, Suor E O Cetim. Dellum Apresenta Sua Visão De Delírio

por alguém que já acordou suada de um sonho bom e resolveu não contar pra ninguém

A coleção “The Dream / O Sonhar”, da DELLUM, não quer só vestir. Ela quer te vestir. E depois que te vestir, quer te deixar levemente trêmula, com a sensação de que algo aconteceu — ou vai acontecer — e você não tem exatamente o controle disso. Os corpos brilham, besuntados como altar de luxúria, com correntes que mais prendem do que adornam. Não é sobre sensualidade óbvia. É sobre o desejo de quem nunca admite o quanto quer ser olhado.

Tudo ali é propositalmente indecente, mas com a elegância de quem sabe manter a compostura mesmo de joelhos. O crochê aparece como armadilha macia, a porcelana como toque gelado de quem não está mais entre nós, e os metais torcidos sussurram que nem tudo precisa ser confortável para ser bonito.

Dividida em três atos — ou delírios bem editados — a coleção propõe uma jornada. O Lúdico é aquela fantasia que você teve aos 15 e preferiu esquecer. O Pesadelo é o que você vive aos 30 e finge que não gosta. O Acordar é o reflexo no espelho, onde o drama já secou, mas o olhar ainda diz tudo.

Pela primeira vez, a DELLUM mergulha em cores distintas e também no monocromático. É a busca pelo comercial sem perder a poesia, como quem aprende a vender sem abrir mão de provocar. O algodão 100% veste o corpo com honestidade, mas é o brilho nos olhos de quem olha que entrega: o fetiche continua.

“The Dream / O Sonhar” é um delírio meticulosamente costurado. Não tem lógica, é subjetivo, para sentir. E revela mais verdades do que qualquer confessionário.

Escrito por: Gilson Tavares | Editado por: Ana Carolina Gomes