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Bebês Reborn: Entenda a arte das cegonhas

O reborn consiste em bonecas hiper-realistas que despertam emoções, afeto e polêmica ao unir arte, terapia e colecionismo.

Os bebês reborn têm se tornado uma febre no Brasil, entre celebridades ou pessoas anônimas. O assunto está na boca do povo por serem bonecas hiper-realistas, que se destacam das demais. Essas bonecas oferecem uma experiência estética e emocional, muito diferente dos brinquedos clássicos como Barbie, Polly ou Baby Alive.

Então, os bebês reborn despertam a curiosidade por sua criação. A trajetória de quem se dedica a produzi-los artesanalmente, como a londrinense Shelley Silveira Albino de Paiva, de 28 anos, intriga.

Cegonha – A artesã especialista em reborn:

A artesã, especializada em bebês reborn, conta como começou a se interessar pelo universo. Ela era ainda uma adolescente, em 2010, e esse tipo de boneca mal havia chegado ao Brasil. “Eu sempre fui uma criança curiosa com trabalhos manuais, gostava bastante das bonecas normais, até conhecer as reborns, quando essas bonecas começaram a desembarcar por aqui, fiquei encantada”, relembra com carinho.

O encantamento não ficou apenas como um desejo de possuir uma boneca, mas virou sua profissão e a principal fonte de renda de sua família. “Além de querer ganhar uma reborn, me interessei em aprender a fazer. Pedi de presente um curso e comecei a publicar minhas criações, sem grandes pretensões. Só queria ver se alguém gostava. E foi dando certo. Estou vendendo até hoje”, conta ela, orgulhosa de sua trajetória.

Shelley relembra que o que mais a encantou em relação aos bebês foi o nível de realismo e a perfeição que fica ao se parecerem com as feições de bebês recém nascidos. “Mesmo os resultados sendo mais limitados naquela época, eu ainda assim me sentia realizada. A cada nova técnica, era um aprendizado. Quanto mais eu me aperfeiçoava, mais me apaixonava”, diz.

O trabalho de uma artesã reborn:

Atualmente, ela comanda seu próprio ateliê com o auxílio de seu marido, onde eles confeccionam os bebês peça por peça, por ser um trabalho manual durante o processo é necessário ser desenvolvido com bastante paciência, principalmente por conta que é preciso ter muita técnica e muita sensibilidade.

Hoje eu compro os materiais em cru: cabeça, membros e corpo vêm separados e totalmente brancos, sem pintura. A pintura leva cerca de 12 camadas, começamos com o tom de pele, depois vêm as manchinhas, dobrinhas, tons rosados estratégicos, tudo para dar o máximo de realismo possível”, detalhou um pouco de como funciona o processo de confecção do bebê.

Um dos momentos que requer mais cuidado, por ser muito delicado segundo Shelley, é a aplicação dos cabelinhos. “O cabelinho é colocado fio a fio, antigamente eu usava cabelo humano, mas hoje temos materiais especiais, parecidos com lã tratada, que simulam com perfeição o cabelo de bebê”, explica.

O público reborn:

Apesar do hype recente nas redes sociais, o público que procura pelas bonecas é mais diverso do que se imagina. “A maioria das vendas ainda é para crianças, que usam como brinquedo mesmo e acho que é assim que deve ser visto. Quando eu era criança, gostava de deixar minhas bonecas o mais realistas possível, colocava roupinhas de verdade, fraldas, isso alimentava ainda mais a minha imaginação”, afirma Shelley.

Mas os reborns não encantam somente crianças, elas também brilham nos olhos de outras gerações. “Eu já vi muitos casos de idosos que nunca puderam ter uma boneca quando eram pequenos. Às vezes a família inteira se junta para realizar esse sonho tardio. É muito bonito ver como essas bonecas alcançam diferentes idades e tocam cada uma de um jeito”, completa.

Feitos à mão, com atenção aos mínimos detalhes e carregados de significados, os bebês reborn são mais do que uma tendência estética, são uma forma de arte que resgata memórias, desperta emoções e conecta pessoas de gerações distintas.

Escrito por: Ana Luiza Barreto | Editado por: Letícia Virgínia

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