A transformação da música e do estilo emo
O estilo emo, que teve seu auge nos anos 2000, está retornando para as tendências atuais de música e moda. Entretanto, o movimento passou por uma significativa evolução musical e mudanças no mundo da moda ao longo das últimas décadas. Vem sendo incorporado pela geração Z de maneira a mesclar referências do emo original com tendências dos anos 2020.
Certamente, o estilo emocional e introspectivo continua a atrair uma base de fãs dedicada, mas as diferenças entre o emo atual e o emo dos anos 2000 são marcantes, tanto no que diz respeito à música quanto ao visual dos adeptos desse movimento cultural. A seguir, traremos algumas comparações e diferenças entre o estilo emo dos anos 2000, e o emo atual da geração Z.
A evolução musical no estilo emo
Nos anos 2000, o emo ganhou destaque por meio de bandas como My Chemical Romance, Fall Out Boy, Dashboard Confessional, NX Zero, Fresno, entre outros. Conforme a música dessa época abordava temas como amor não correspondido, ansiedade, angústia e autodescoberta, ressoava entre os jovens que buscavam uma conexão emocional.
O estilo musical continua a fascinar os jovens, que uniram referências das músicas antigas a novos elementos. Assim sendo, uma das mudanças mais significativas do emo antigo para o atual no cenário musical, é o uso de elementos eletrônicos nas músicas. Padrões de Hi Hat característicos da música Trap, ou outros tipos de Beat eletrônicos ficam marcados nos lançamentos mais recentes. Um exemplo claro é a música Vermelho Farol, da cantora brasileira, Day Limns.
Além disso, outra mudança importante para ser citada é que o emocore de 2023 vem muito mais sombrio. Inegavelmente, o atual se aproxima mais de estilos musicais como metal e hardcore, ao passo que o emo dos anos 2000 se aproximava mais ao rock clássico.
Transformações na moda após o estilo emo
Quando o assunto é a moda, o estilo associado ao emo nos anos 2000 era facilmente identificável por seu visual característico: cabelos escuros ou tingidos em cores neon, obrigatoriamente repicados, franjas caídas sobre os olhos, bandanas, camisas xadrez, camisetas de banda, a estampa xadrez característica da marca vans, saias pregueadas, cintos com tachas, tênis vans ou all star e jeans skinny eram elementos marcantes do guarda-roupa dos adeptos do movimento.
Ademais, a maquiagem também desempenhava um papel importante. Com delineadores pesados e sombras escuras, e uma impressão meio borrada complementavam o visual e sua expressão emocional.
Antes de mais nada, é importante dizer que estas características do estilo não desapareceram. Muitas pessoas adeptas a ele continuam preferindo utilizar somente referências antigas. Entretanto, elementos como as franjas sobre os olhos e a calça skinny não são mais vistos atualmente. Contudo, foram substituídos por estampas de cores escuras variadas, correntes, roupas que mostram mais a pele, muitas vezes transparentes, ou peças extremamente largas, como coturnos pesados, couro, acessórios de alfinetes, entre outros.
Ao passo que muitas pessoas buscaram o visual emo por entenderem que poderiam ser quem quisessem e se vestirem da maneira que se sentissem mais confortáveis, o movimento atual adotou uma abordagem mais inclusiva, encorajando a individualidade e a autenticidade. Assim também, muitos adeptos do emo atual têm explorado uma moda mais andrógina, com roupas fluidas, cores vibrantes e cortes de cabelo diversos.
O impacto social causado pelo movimento
No Brasil, durante os anos 2000 o movimento foi bastante hostilizado. Quem via de fora usava termos perjorativos para referir-se ao estilo emo. Entretanto, tais termos sempre foram homofobia velada, como dito várias vezes em entrevistas por Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno.
Alguns conceitos sempre foram considerados pilares do movimento, como a liberdade, fluidez de gênero e autonomia para autodescobertas. Não coincidentemente, estes são temas aos quais a geração Z dá extrema importância. Com uma juventude que possui uma mente tão aberta para a mudança, é natural que o estilo emo volte as ruas (e as redes sociais).
A importância desse movimento
Eventualmente, uma das principais diferenças entre o emo dos anos 2000 e o emo atual é o impacto das redes sociais. Nos anos 2000, a cena emo se expandia principalmente por meio de revistas de música e shows ao vivo. Hoje, a presença online tornou-se fundamental para a disseminação e o fortalecimento do movimento emo.
Plataformas como Instagram, TikTok e Twitter têm sido essenciais para a conexão entre os fãs e as bandas, permitindo que a música e a moda do emo se espalhem rapidamente pelo mundo. Além disso, o alcance das redes sociais possibilitou a formação de comunidades globais de fãs, permitindo que o emo atual alcance uma audiência mais ampla e diversificada, colocando um fim ao estereótipo de tribos fechadas que existia nos anos 2000.
Assim sendo, emo atual e o emo dos anos 2000 compartilham raízes emocionais e introspectivas. Entretanto, as mudanças musicais e de moda ao longo do tempo mostram que o movimento emo é uma força viva e em constante evolução. A diversificação musical e a quebra de estereótipos na moda tornaram o emo um movimento mais inclusivo e aberto a novas influências, permitindo que continue a atrair e emocionar uma nova geração de seguidores.
Escrito por: Bruna Zinetti | Editado por: Letícia Virgínia
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