Entrevista com a fotógrafa Bruna Castanheira

Marina:  

Como foi o começo de sua carreira?

Bruna Castanheira:

Então, vou tentar ser um pouco sucinta:

Eu estudei publicidade e propaganda em Belo Horizonte e, durante esse tempo, comecei a me interessar mais por fotografia e cinema. Assim, virei assistente de um estúdio de fotografia, de analógico, e fui me envolvendo nesse mundo.

Em seguida, estudei cinema e fiz uma pós na Federal de Juiz de Fora, e depois decidi vir para São Paulo para ser assistente. Aqui foi onde tudo começou, eu fui assistente durante um ano. Na verdade, nem foi muito tempo, mas nesse período eu aprendi muita coisa sobre estúdio, sobre flash… Eu não sabia mexer em nada! Na verdade, eu era mais uma fotógrafa de rua, trabalhava com fotojornalismo na época. Então, foi aqui que eu comecei a me envolver com a moda.

Depois, comecei a fazer book de modelo, fiquei amiga de algumas pessoas de agências de modelo… Começou desse jeito e assim foi indo. Dessa forma, as portas foram se abrindo para mim, fui conhecendo muita gente e estou aqui até hoje, estudando e sempre tentando aprimorar cada vez mais meu trabalho.

“Então, meu conselho é esse: ter paciência, persistência e estudar muito!”.

Marina:

O que te fez querer seguir com a fotografia?

Bruna:

O que me faz querer seguir com a fotografia é esse jeito de trabalhar, do dinamismo no meu trabalho. De sempre estar em lugares diferentes, com pessoas diferentes. É um ambiente muito criativo… Então, está todo mundo sempre querendo criar junto, extrair a melhor imagem. Portanto, é um espaço onde eu estudo muito, onde troco bastante com as pessoas da equipe.

E não somente a fotografia de moda, mas eu também gosto muito do fotojornalismo! Na verdade, a fotografia para mim é quase a minha… É a minha alma, né? Eu nunca conseguiria viver sem ela, sem ter esse momento de criar, de enxergar uma luz. A vida, para mim, é a fotografia. Eu vivo a fotografia não só quando estou trabalhando, eu quero seguir com ela enquanto estiver viva.

Marina:

Você tem um ensaio favorito?

Bruna:

Teve um ensaio que eu fiz uma vez, acredito que tenha sido um pouco depois da pandemia de 2021, com a Larissa Lucchese, a Vale Saig e a Josephine Cho, diretora de arte. Foi um ensaio sobre as Haenyeo, as mergulhadoras que praticam apneia na Coreia do Sul.

E aí elas se tornaram patrimônio imaterial da humanidade, né? Pela Unesco, com essa tradição delas de fazer apneia e de mergulhar. 

Elas são senhoras de mais de 70 anos, e esse ensaio inspirado nelas ficou muito marcado para mim. É bem lindo e a história dessas mulheres é muito legal. É inspiradora e é triste, porque, na verdade, parece que não está passando a tradição para frente, então uma hora elas vão… Vai se extinguir isso. O ensaio ficou na minha memória por ter toda essa história por trás, e, além disso, as imagens são lindíssimas também!

“[…] Eu vivo a fotografia não só quando estou trabalhando, eu quero seguir com ela enquanto estiver viva.”

Marina:

Qual conselho você daria para pessoas que querem começar nessa área?

Bruna:

Um conselho para quem quer começar na área de fotografia de moda… Acho que o primeiro conselho que eu dou é ter paciência, né? Porque, no mundo em que nós vivemos hoje, eu tenho a sensação que as pessoas querem tudo para ontem — querem virar, querem fazer tudo muito rápido, querem fazer o melhor trabalho. E, às vezes, o que falta é você trabalhar mais tempo, para entender melhor o que você quer, qual é a sua personalidade, a sua direção em uma foto. Eu acho que só trabalhando mais, dando assistência, estudando muito, vendo muitos filmes, entendendo a luz, suas inspirações, vivendo o dia a dia, e tentando enxergar nos pequenos momentos coisas que, talvez, as pessoas considerem triviais, mas não são… Como uma luz batendo em uma caneca, em um café… Algo que pode te inspirar pra uma foto de moda.

Então, meu conselho é esse: ter paciência, persistência e estudar muito! Tem que estudar mesmo, tentar aprimorar sempre. E não perder a sua essência na fotografia, a sua personalidade, mas tentar acompanhar o mercado, entendendo quais são as demandas, e aquilo que as pessoas estão gostando. Acredito que são esses os pontos essenciais para começar a pensar em seguir uma carreira.

Marina:

Muito obrigada pela conversa, Bruna!

Escrita por: Marina Pelegrini | Editada por: Maria Clara