Matthieu Blazy e o desfile da Chanel em Hangzhou
Era uma tarde de quarta-feira e eu estava treinando na sala de casa quando decidi ouvir músicas pela TV. Fuçando o aplicativo, descobri que a Chanel fez um espetáculo a céu aberto na China. Nos três primeiros segundos, meu cérebro trava, porque fico me perguntando o que eu estava fazendo que não vi isso acontecer. Diretamente da cidade de Hangzhou, em 3 de dezembro, a Chanel apresentou uma coleção que até eu, que não sou uma expert na marca, percebi que as peças exibidas remontavam à era de ouro da marca.
Eu confesso – imparcialidade jornalística desligada – que a fotografia não me agradou muito. Acho que não foi uma boa ideia um desfile à noite, gravado por uma câmera que deixou tudo mais escuro. Era difícil ver com clareza, e pode ser que minha miopia tenha dificultado ainda mais. No entanto, o conteúdo apresentado não ficou devendo nada a ninguém.
Nos últimos tempos, a Chanel sofreu, na minha percepção, uma descaracterização. Não sei se é o meu apego à era Karl Lagerfeld que me leva a pensar assim, mas sinto que perdi a conexão com a marca e com o espetáculo que ela oferecia a anos atrás. Algo mudou. Mas, como já disse, não sou uma especialista na grife.
Leia também: https://fashionlismo.com.br/fubangacore-e-maximalista-e-resgata-moda-dos-anos-2000/
O desfile
Direto da cidade chinesa de Hangzhou, no onírico Lago do Oeste — cartão postal da região — a Chanel celebrou a sua coleção “Métiers D’art 24/25”, com peças que transbordavam sofisticação. A maioria das criações era preta, acompanhada por muito tweed – o tecido simbiótico da maison.
Confira mais detalhes da coleção aqui: https://www.chanel.com/br/moda/metiers-dart-2024-25/l/FshCollection25A/os-looks/
Matthieu Blazy
E o que esse desfile tem a ver com o anúncio de Matthieu Blazy como novo diretor criativo da casa de moda? Eu te digo: tudo.
Anunciado na última quinta-feira, dia 4, como o novo mastermind da marca, o designer franco-belga de 40 anos, Matthieu Blazy, deixou o mundo fashion animado de novo. Digo isso porque os efeitos do comando de Virginie Viard não foram muito expressivos. Durante cinco anos à frente da Chanel, Viard, mesmo tendo sido assistente de Karl e acompanhado tudo acontecer no fronte, não conseguiu entregar o que era esperado. Aqueles espetáculos criados por Lagerfeld ficaram no passado, e foi sofrido acompanhar o desenrolar da direção de Virginie.
Com a chegada de Blazy, a esperança foi renovada. As reações quanto a chegada dele foram muito positivas e embora não se saiba se o desfile na China contou com as mãos de Matthieu, acredito que ele serviu como um prenúncio do que está por vir sob sua direção.
Escrito por: Isabella Jacoud Moreira | Editado por: Flavia Cavalcante