Sukeban Apresenta Sua Visão De Selva: Grotesca, Subjetiva E Libertadora

A coleção passeia entre opostos com precisão cirúrgica: da quase nudez à complexidade extrema das peças, dos tecidos não convencionais ao acabamento impecável que beira o escultural. É o tipo de roupa que exige fôlego. Não para caber nela, mas para sustentar o que ela carrega: camadas de crítica, sensualidade e resistência.
Desde antes de sermos, essa coleção já era. Jungle D’luxe propõe um retorno à selva — mas não aquela romântica e intocada. É uma selva artificial, construída pelas lógicas do capital, onde seres exuberantes emergem vestindo peles que não são suas. São texturas industriais, couros sintéticos, camadas que expõem mais do que escondem. O luxo aqui é propositalmente contraditório: ele brilha com o peso da denúncia.



O desfile é um ensaio performático sobre o consumo — da carne, da imagem, da identidade. A passarela se transforma em um espaço onde o desejo e a crítica convivem sem pedir licença. Quem desfila não apenas mostra a roupa. Encarna um papel, uma espécie, uma urgência.
Entre as tramas e peles falsas, ecoa a pergunta: quem é a caça e quem é o caçador?
Veja o desfile completo:
Escrito por: Gilson Tavares | Editado por: Maria Clara Machado