Schiaparelli 2025: o futuro na Alta-Costura

A mais recente coleção da Schiaparelli, intitulada “Icarus”, trouxe uma visão ousada de Daniel Roseberry sobre a alta-costura. Inspirado pelo mito grego Ícaro que simboliza a ambição e os riscos de sonhar alto, Roseberry propôs uma coleção. Do mesmo modo, esta desafia convenções e explora a dualidade entre modernidade e tradição.  

Backstage Haute Couture Schiaparelli 2025 – Reprodução/Instagram

A ambição de superar limites

Para Roseberry, o conceito de “Icarus” não está apenas na narrativa de voo e queda, mas no desejo de ultrapassar limites. “Queria desafiar essa ideia de que, para ser moderno, deve ser simples”, explicou Roseberry. O estilista entregou uma coleção que é, ao mesmo tempo, monumental e intimista, com detalhes de engenharia por trás das criações. 

Sob sua direção, a Schiaparelli se tornou sinônimo de roupas que combinam formas arquitetônicas e acabamentos impecáveis, reafirmando seu papel na alta-costura como uma maison que faz do impossível algo tangível.  

Desfile Haute Couture Schiaparelli 2025 – Reprodução/Instagram

O espartilho como centro de narrativa

Apesar de controverso, o espartilho foi o ponto focal da coleção. Frequentemente ligado à vulnerabilidade das mulheres, Roseberry apossou-se de sua estrutura para transformar o torso femimino em sua principal tela. Tornou o que antes era considerado um retrocesso ao direitos das mulheres, em algo místico e belo. 

Entre os destaques, Kendall Jenner desfilou em um vestido com linhas estruturais que percorriam o corpo do busto às coxas, evocando uma silhueta de edifícios Art Déco. Maggie Maurer, por sua vez, apareceu em um vestido com um espartilho geométrico que evocava a forma de um frasco de perfume.  

Embora o espartilho possa parecer contraditório à ideia de modernidade, Roseberry mostrou que ele pode ser um símbolo de reinvenção.  

Desfile Haute Couture Schiaparelli 2025 – Reprodução/Instagram

Quando a moda se transforma em arte

A habilidade técnica de Roseberry alcançou um novo patamar. Vestidos com formas arquitetônicas, como o de peplum ondulado em 3D. Outro, um tailleur creme com cauda arredondada mostraram como a costura pode se aproximar da engenharia aeronáutica. As peças, moldadas à mão, usaram materiais modernos como neoprene e ultrasuede, combinados com métodos tradicionais da alta-costura.

Essas peças não apenas deslumbraram pela beleza, mas também mostraram como a moda pode se aproximar de outras formas de arte.  

Desfile Haute Couture Schiaparelli 2025 – Reprodução/Instagram

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Rendas, fitas e flappers

O toque de nostalgia veio de uma descoberta de Roseberry: uma caixa de fitas da alta-costura de Lyon, do início do século 20. Essas fitas deram vida a peças únicas. Por exemplo, o vestido final, feito de seda moiré marrom, e outro composto por camadas de fitas que se moviam graciosamente ao caminhar da modelo.  

Essas referências ao passado ecoaram os anos 1920, mas com um toque completamente novo. Roseberry mostrou que a alta-costura é mais poderosa quando olha para suas raízes e as reinventa de forma a surpreender o presente.  

Backstage Haute Couture Schiaparelli 2025 – Reprodução/Instagram

Novos céus para Schiaparelli

Se Ícaro não conseguiu alcançar o sol, Roseberry provou que a Schiaparelli continua em ascensão. Sua coleção “Icarus” demonstra que a moda pode continuar desafiando limites, seja olhando para o passado ou inventando o futuro.

+ Assista ao desfile completo: Spring 2025 Couture

Escrito por: Maria Luiza Winter | Editado por: Flávia Pereira