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Modelos pretas em ascensão: 5 histórias surpreendentes

Provavelmente, toda menina teve sua fase de pegar os saltos da mãe e ficar desfilando pela casa, como modelos. Contudo, sabemos que, por trás da fantasia, uma realidade é encontrada.

Representatividade é uma palavra muito buscada no vocabulário de pessoas pretas, principalmente das mulheres pretas no mundo da moda. A luta pelo, às vezes mínimo, espaço nas passarelas, referente a etnia, vem de muitas décadas passadas, sendo muitas delas sem vitórias. 

Você sabia que os primeiros modelos pretos foram empregados em papéis estereotipados, para promover produtos associados à escravatura, ao colonialismo e à servidão? Bom, acho que na verdade isso não seria uma surpresa.

Assim sendo, Maurice Hunter, por exemplo, o primeiro modelo negro contratado em 1918, servia apenas para o papel de mordomo, motorista e carregador em anúncios de cigarros ou bebidas alcoólicas.

Em 1973, ocorreu a Batalha de Versalhes, um marco numa longa estrada sinuosa e que, mesmo depois de muitas curvas e barreiras, o caminho de modelos com pele escura continua sendo uma batalha diária.

Se não fosse pela etíopia Liya Kebede, as modelos pretas praticamente desapareceriam. Tanto que, na primeira década do novo milênio, começaram a falar que havia um branqueamento nas passarelas. 

Foram anos de coragem, batalha e gritos em prol da representatividade que, por conseguinte, obtiveram respostas anos depois, abrindo caminhos para as modelos pretas de hoje terem uma maior liberdade. Cito nomes como Grace Jones, Donyale Luna, Naomi Sims, Naomi Campbell entre muitas outras precursoras, que deram nome e visibilidade para a pele negra, no mundo da moda.

No dia 20 de novembro celebramos a Consciência Negra. Dito isso, a fim de lembrar da data, trago 5 modelos, tanto nacionais quanto internacionais, que são grande sucesso no mundo da moda atual, e conquistaram seu território. 

Anok Yai 

Nasceu no dia 20 de dezembro de 1997, no Sudão,  e aos três anos de idade teve que se mudar com seus pais para New Hampshire na condição de refugiada. Em 2017, foi descoberta em Nova York por um fotógrafo de moda e agenciada pela empresa nova iorquina Next Model Management.

Em 2018, quatro meses depois, foi a primeira modelo negra a abrir um desfile feminino da Prada em Milão em um período de duas décadas. Antes dela, a única pessoa preta a ocupar o posto prestigiado havia sido a supermodel Naomi Campbell, ainda em 1997. Desde então, tornou-se uma figura emblemática no mundo da moda. 

Anok Yai. (Reprodução/Instagram)

Adut Akech Bior

Nascida em 25 de dezembro de 1999, em Kakuma, fronteira entre o Quênia e Uganda, Adut Akech Bior teve uma infância difícil. Nasceu em um campo de concentração para refugiados da Guerra do Sudão e aprendeu a escrever com o auxílio da sua irmã mais velha. Foi a única dentre os 5 irmãos a frequentar a escola. Adut conta em entrevista à Vogue (2018), que aproveitava a luz do dia para estudar, já que a noite tinha apenas uma lâmpada a óleo.

Dito isso, sob o constante medo de perder a vida, ela foi para Austrália morar com sua tia imigrante. Aos 12 anos de idade adentrou ao mundo da moda, e em 2017 surgiu a oportunidade de modelar para Yves Saint Laurent. Em 2019 foi convidada pela ex-Duquesa de Sussex, Meghan Markle para estrelar a September Issues da Vogue Magazine, na edição da revista batizada de Forças de Mudança.

Além de ser uma das modelos mais desejadas do mundo, sendo eleita em 2018 como a modelo do ano, ela é uma grande ativista e faz parte do programa Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a ACNUR, que tem como objetivo principal assegurar o bem-estar e os direitos de refugiados. Apesar da fama que conseguiu ao longo de sua carreira, não deixou de lutar a favor dos refugiados e de deixar sua história para trás.

Adut Akech Bior. (Reprodução/Instagram)

Rita Carreira 

Sempre fui diferente, única modelo negra plus size, Mesmo sendo boa no que fazia, as marcas não me contratavam. Por mais que me deixasse triste, ficava instigada para fazer diferente, revelou Rita.

Seu caminho no mundo da moda começou em 2009,com a ajuda da irmã que era produtora de moda, antes disso ela era vendedora e corretora de seguros.

Contudo, a consolidação na carreira de modelo aconteceu em 2011, quando estreou pela primeira vez nas passarelas. Seu grande marco foi ser a primeira modelo plus size brasileira na capa da Vogue. Isso rendeu-lhe a inclusão na lista “Forbes Under 30”, além do ranking “Instagram Global”, onde é citada como uma das mulheres com maior influência no movimento body positive no Brasil.

Enfim, depois de muita luta contra a gordofobia e o racismo, trabalhos negados e muita determinação, ela ganhou a visibilidade merecida, e hoje é vista não só como modelo, mas também influencer. Com isso, Rita Carreira abriu portas para muitas mulheres como ela. Além de quebrar padrões pré-estabelecidos no mundo da moda.

Rita Carreira. (Reprodução/Instagram)

Ana Barbosa

Diante de muito trauma e luto, Ana Barbosa se tornou modelo internacional e ainda enfrenta a assombração de seu passado. Nascida em Uberaba, Minas Gerais, quando era ainda adolescente, presenciou uma das piores cenas de sua vida: ao completar 15 anos viu seu pai matar sua mãe a sangue frio. Essa cena fez uma marca na vida da modelo, mas não deixou que seus sonhos e objetivos fossem barrados.

Depois disso, Ana passou e ainda passa por acompanhamento de um psicólogo, junto com a ajuda de sua avó, que virou sua base familiar. Em 2017, houve uma reviravolta em sua vida, principalmente para sua carreira, que foi ser revelada pela Another Agency. Desde então, vem colecionando sua trajetória na moda.

Dito isso, além de ter participado da São Paulo Fashion Week, Ana trabalhou com grande marcas, como Prada, Dior, Givenchy, Loewe, Miu Miu, entre muitas outras. Além de que, passou por vários lugares, dentre eles Nova York, Londres, China e México.

Após tudo o que vivenciou, a modelo busca a carreira como uma plataforma para trazer a representatividade, e histórias de superação que possam inspirar outras mulheres. Além de ser a modelo do momento, também é grade ativista, trabalhando com ações que causem impacto na sociedade.

Ana Barbosa. (Reprodução/Instagram)

Tauana Andrade

A modelo é nascida em Salvador, em um comunidade que era apelidada de “Invasão” no bairro de Calçada. Antes de seu sucesso como modelo brasileira, ela era trancista, ou seja, fazia “trança raiz” para ajuda sua mãe com as despesas de casa.

Tauana morava com sua mãe e seu irmão, dividindo um mesmo cômodo, em um bairro sem estrutura básica. Ainda achava que seu sonho de ser modelo era muito distante de sua realidade. Contudo, em 2018, tudo mudou quando decidiu tirar fotos, despretensiosamente, para seu Instagram. Ali, foi encontrada por profissionais da moda.

Em 2021, virou aposta do Way Model, uma das agências mais renovadas quando se trata de lançar nomes talentos para fora do país. Atualmente, Tauana virou modelo renomada no mundo da moda, e deseja representar, além de sua família, toda mulher preta que busca por oportunidades de ascensão e são de comunidades sem recursos. Além de mostrar como há capacidade de encontrar luz em meio as barreiras que a vida coloca.

Tauana Andrade. (Reprodução/Instagram)

Por fim, não deixe de acompanhar a rotina e o dia a dia das modelos aqui mencionadas:

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Escrito por: Maria Eduarda Regis | Editado por: Clara Molter Bertolot

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