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Moda como agente influente na Inclusão e Diversidade

A moda, como é conhecida hoje, já foi muito diferente nos primórdios de seu nascimento. No passado, marcas tinham imagem e status tão mais elevados, que os consumidores esforçavam-se para sentirem-se merecedores de seus produtos. Isso, muitas vezes, era evidenciado em eventos como os desfiles da Victoria’s Secret, por exemplo, nos quais as modelos exibiam os produtos da grifes em um ambiente luxuoso e glamouroso.

Com a era digital e as redes sociais, consumidores e marcas se aproximaram mais, transformando essa relação. As marcas agora buscam conquistar a confiança do publico em suas campanhas, enquanto os consumidores levam em consideração os valores culturais, como a responsabilidade social, sustentabilidade e diversidade, ao fazerem suas compras.

A moda em pesquisas

Mas em uma pesquisa recente do British Fashion Council, uma então organização sem fins lucrativos, as empresas de moda não estão priorizando adequadamente a Diversidade e Inclusão. Apenas 51% possuem estratégias coordenadas de D&I, e poucas estabelecem metas específicas para a representação de grupos minoritários, e ainda menos alocam orçamentos específicos para o segmento.

O Savage Fenty Show de Rihanna, em 2018, desafiou o modelo tradicional da Victoria’s Secret, que se baseava em estereótipos de beleza restritos. Em 2019, a Victoria’s Secret anunciou o cancelamento de seu icônico desfile. Nos anos seguintes, a marca passou por uma grande reformulação, adotando uma abordagem mais inclusiva. Desde o início, Rihanna, com a Savage X Fenty, promoveu a inclusão, utilizando modelos plus size e representando diversas tonalidades de pele, o que contribuiu significativamente para o sucesso de sua marca.

Agora, após quatro anos de hiato, a Victoria’s Secret retorna neste mês de setembro com um novo formato e o lançamento de um documentário. A marca também abandonou o padrão de beleza magro e branco em suas campanhas, optando por representar corpos reais e diversos. Grandes nomes como Gisele se juntaram à nova fase da marca.

Especialista no assunto

Para Márcio Ito, estilista e professor universitário de moda, as marcas precisam se adaptar às necessidades do seu público, mas nem sempre compreendem completamente suas expectativas. A diversidade não deve ser apenas superficial, mas sim incorporada de maneira genuína. A cultura popular exerce influência na moda, e a diversidade se tornou uma realidade incontestável.

Segundo ele, algumas marcas têm promovido a inclusão desde o início, enquanto outras estão fazendo esforços só agora. Márcio enfatiza que, para garantir a diversidade na produção, é essencial realizar provas em diferentes tipos de corpos. Ele acredita firmemente que as empresas devem valorizar a diversidade em sua essência, citando Havaianas e Hering como exemplos positivos no Brasil. A autenticidade na inclusão é fundamental para construir um futuro mais inclusivo na moda.

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                 Foto por hering_oficial                                            Foto por havaianas

Collina Strada: Celebrando a Diversidade na Moda Contemporânea

Esta marca tem se destacado como uma grande defensora do ativismo social, demonstrando seu compromisso com a sustentabilidade ecológica ao adotar materiais e práticas éticas na criação de alta costura. Para comunicar esses valores, a marca apresenta uma ampla variedade de modelos. Além disso, a Collina Strada se destaca por sua inclusão de modelos de diversas raças, tamanhos e orientações sexuais, incluindo ativistas LGBTQ+ e modelos com deficiência.

Este ano, durante a New York Fashion Week, a Collina Strada mais uma vez brilhou ao apresentar sua coleção. Fundada por Hillary Taymour, a marca conquistou reconhecimento na indústria da moda com designs ousados que exploram diferentes texturas e desafiam as normas estabelecidas. A marca tem como princípio buscar inspiração fora dos padrões convencionais, como demonstrado em sua última coleção SS24, que aconteceu em um jardim no Brooklyn Navy Yard.

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  Foto por collinastrada

O desfile reforçou seu compromisso com a promoção da inclusão. O elenco, liderado por Anita Bitton, incluiu nomes como Uglyworldwide, Tommy Dorfman, Hari Nef, Tallulah Willis e Aaron Rose Phillip.

Em conclusão, a moda passou por uma transformação significativa em relação à inclusão e diversidade. Exemplos como a Savage X Fenty de Rihanna e a Collina Strada, mostram como as marcas podem promover a diversidade de maneira autêntica. A moda influencia a cultura popular e desempenha um papel importante na promoção da diversidade, equidade e inclusão. No entanto, ainda existem desafios a serem superados, como garantir uma inclusão genuína e incorporar a diversidade em todas as etapas da produção. As marcas têm a responsabilidade de continuar a promover a inclusão para um futuro mais diversificado e inclusivo na moda e na sociedade em geral.

Escrito por: Vitor Rasec | Editado por: Letícia Virgínia

Estudante de Jornalismo apaixonado por moda, sustentabilidade, arte e cultura. Acredito no poder transformador do jornalismo. Curioso por natureza, busco estar sempre em movimento.

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