
Invencíveis: documentário carioca retrata revolução educacional da Escola Municipal Tia Ciata
Imagem destacada/Reprodução: Festival do Rio
Lançado em outubro no Festival do Rio, o documentário Invencíveis narra a história da Escola Municipal Tia Ciata, que, nos anos 1980, promoveu uma verdadeira revolução na educação pública do Rio de Janeiro.

Dirigido por Vitor Leite e Clarice Saliby, o longa-metragem explora a transformação da instituição localizada na Avenida Presidente Vargas, oferecendo uma abordagem inovadora da educação voltada para jovens excluídos da escola tradicional. Produzido pela TvZero, com coprodução da Riofilme e Synapse Distribution e parceria com o Canal Curta!, o documentário teve sua estreia oficial no Festival do Rio 2025, realizado entre os dias 2 e 12 de outubro.
Anteriormente, as sessões de Invencíveis aconteceram na Estação NET Rio 4 e no Cine Santa Teresa, por meio do Festival do Rio 2025.
Invencíveis: A revolução da Escola Tia Ciata
Inicialmente, o documentário mostra como, em apenas cinco anos, a Escola Municipal Tia Ciata acolheu e valorizou o saber da rua, transformando jovens antes invisíveis em cidadãos “invencíveis”. O processo, no entanto, foi interrompido abruptamente por mudanças no cenário político da época.
Por isso, Vitor Leite contextualiza a importância de resgatar essa experiência histórica. “Nossa intenção com este filme é dar visibilidade a um dos projetos educacionais mais revolucionários dos anos 1980, que atendia alunos excluídos da escola tradicional”, afirma.
Do mesmo modo, o núcleo escolar era majoritariamente formado por estudantes negros, e o filme também valoriza as histórias de vida dos ex-alunos, além de dar voz a figuras importantes do movimento negro da época, como Maria Alice Santos, Dom Filó e Januário Garcia.

Invencíveis: Reflexões sobre desigualdade e representatividade
Bem como, o fotógrafo carioca Walber de Jesus, 31 anos, destaca o impacto social do documentário. “Produções audiovisuais como esta ajudam a denunciar desigualdades na educação, abordando questões como evasão escolar entre jovens negros e preconceito cotidiano nas escolas. Também evidenciam dificuldades de acesso à universidade, políticas afirmativas e a valorização da cultura e história da população negra”, explica.
Assim, ele ainda ressalta que, no Brasil, os reflexos da escravidão ainda marcam as desigualdades sociais, reforçando a importância de produções como Invencíveis. “Documentários são ferramentas fundamentais: provocam reflexão, combatem o racismo e promovem uma educação inclusiva, diversa e plural”, defende.
Documentários e a negritude no audiovisual
Ademais, Walber de Jesus observa que, além de educar, filmes que retratam a experiência negra contribuem para a consciência racial e a transformação social. “Documentários como Menino 23 e A Negação do Brasil mostram diferentes contextos da negritude e precisam ser discutidos, pois impactam não apenas na educação formal, mas também na social da população em geral”.

Em sequência, ele alerta para a exclusão histórica do povo negro nas produções televisivas e como isso afeta a autoestima. “O Brasil é majoritariamente negro, e essas pautas precisam ser discutidas para que a representatividade se torne realidade”, conclui.
Para concluir, Segundo Azambuja (2018), a representatividade negra no audiovisual vai além da identidade. Inspirada na escritora Chimamanda Ngozi Adichie, a autora aponta que a “história única” só existe se também considerarmos as estruturas de poder que determinam como, por quem e quantas histórias são contadas.
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Escrito por: Isabelle Ferreira / Editado por: Maria Clara Machado
Referências
AZAMBUJA, Kassiele Nascimento. O reconhecimento das identidades negras no audiovisual brasileiro: um estudo de caso da plataforma Afroflix. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/192982. Acesso em: 14 out. 2025.
