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Glenn Martens faz jus ao legado de Martin Margiela na Semana de Alta-Costura 

Para sua estreia como diretor criativo da Maison, Martens surpreende com coerência no verdadeiro estilo Margiela. 

Que Glenn Martens é um estilista de mão cheia nós já sabemos, mas desde que seu nome foi anunciado na direção criativa da Maison Margiela, os olhos curiosos de fashionistas do mundo todo se voltaram ansiosos para a sua estreia com a linha Artisinal, vertente da linha Alta-Costura, desfilada em Paris nesta última quarta-feira (09/07). Afinal, na grande onda de “dança das cadeiras da moda”, quem ficaria com um cargo tão difícil de ser ocupado? 

Seu currículo já carregava nomes icônicos: Jean Paul Gaultier, Y/Project e Diesel. O belga se mostrou muito honrado e entusiasmado em continuar o trabalho tão elogiado de seu antecessor, John Galliano e, para o seu primeiro desfile não decepcionou em absolutamente nada. 

Cheio de referências, Martens escolheu homenagear o trabalho de Martin Margiela, fundador da marca. Começando pela locação do desfile, o Le Centquatre, onde Martin fez seu último desfile em 2008. Explorar materiais incomuns também fez parte do traço criativo de Martin, Glenn relembra essa prática usando papel machê nas paredes e plástico nas peças que abrem o desfile. 

Os modelos tem os rosto cobertos para manter o anonimato do estilista e colocar foco nas peças ao invés dos modelos, referência ao primeiro desfile da Maison, a coleção verão 1989 e tantas outras depois disso. 

Além de prestar respeito ao trabalho de outro estilista, Martens referencia a si mesmo: um dos looks desfilados é muito semelhante a um vestido da coleção verão 2022 assinado por ele para a Jean Paul Gaultier, sua primeira experiência com Alta-Costura. Afinal, um bom artista referencia um bom artista.

Outra grande inspiração da coleção é a Bélgica, país de Glenn. A arquitetura gótica o enche de ideias e conversa bem com a estética rebelde do fundador da casa, que tem grande impacto na vida do novo diretor criativo, que por sua vez se nomeia um “filho da geração Margiela”.

Ao final do desfile, quem recebe os aplausos dos convidados é a equipe da maison — sem a presença do estilista, que mantém a discrição, à semelhança de Martin Margiela.

É como um sonho medieval. A beleza no fim do mundo. A coleção é repleta de texturas, volumes e detalhes que confirmam: Glenn Martens teve uma estreia ousada, e nós adoramos isso!

Escrito por: Anna Carolina Oliveira l Editado por: Giovanna Té Bassi

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