Brechós: O consumo consciente e a moda circular

Os brechós existem há muito tempo, mas o consumo second-hand vem ganhando cada vez mais visibilidade. Veja como ficar por dentro dessa tendência, e ainda fazer a moda circular.

Os hábitos de consumo estão em constante mudança e evolução, ainda mais depois de tudo o que o mundo passou, com os reflexos econômicos da pandemia de Covid 19. Com os brechós, não seria diferente, afinal, roupas e acessórios de segunda mão não tem nada a ver com estar fora de moda.

O slow fashion, isto é, a compra consciente de peças, não favorece apenas os pequenos e médios empreendedores, mas também os donos dos brechós. O lucro é percebido nas novas maneiras sustentáveis de pensar, agir, e consumir, que serão passadas por gerações.

A história dos brechós

De acordo com alguns registros, os primeiros brechós surgiram no Brasil por volta do século XIX, e no conto “Ideias de Canário“, de Machado de Assis, Belchior foi um homem que fundou a primeira loja de produtos usados, no Rio de Janeiro.

Mas, a partir do nome do comerciante, outros comércios e lojas que surgiram, neste mesmo modelo, ficaram conhecidos como “belchior“, e depois, o termo foi adaptado para “brechós”, como conhecemos nos dias de hoje.

A importância para a moda

A moda é uma forma de arte e de se expressar. Com os brechós, não seria diferente. O consumidor pode encontrar peças de grife, e outras diversas, mas sem considerá-las “de marca”, e sem perder a qualidade, gastando pouco. A partir daí, surge uma nova forma de consumo consciente.

Simara Krau é arquiteta e proprietária do Brechó do Casarão, localizado na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Ela diz que sempre gostou de reaproveitar os objetos:

Desde criança sempre me incomodou a ideia de gerar lixo. Gostava de reaproveitar as coisas com artes manuais. Sou de uma geração na qual não existia o descartável, afirma a empreendedora.

A ideia de fundar o brechó surgiu quando o espaço em que ela trabalhava restaurando móveis antigos, foi pedido. Assim, em agosto de 2009, Simara criou o Brechó do Casarão. Neste primeiro momento, ele tinha alguns poucos móveis e acessórios de parentes e amigos.

O marketing boca a boca (Buzz Marketing), foi a maior divulgação para o estabelecimento crescer, e ela dedicar totalmente o seu tempo para o empreendimento.

Impacto por conta da pandemia

Com a pandemia, ela afirma que o medo bateu no coração. Ver os brechós fechados, como vários outros estabelecimentos, e as pessoas reclusas, em suas casas, fez ela refletir, e pensar em reinventar.

Assim, Simara criou, junto de sua equipe, lives semanais, no perfil do Instagram do Brechó, onde divulga as peças e os acessórios, dá dicas de moda, e ainda faz um desfile com diversas peças, para os mais variados gostos, tamanhos e estilos:

Nesse momento, tive que me reinventar. Intensifiquei as redes sociais e comecei a fazer lives shopping. Graças a Deus superamos!, diz a proprietária do Brechó do Casarão.

_{^{Toda semana a equipe do Brechó do Casarão faz uma live no Instagram, com peças e
acessórios que estão à venda. (Foto: Reprodução/Instagram @brechodocasaraorj)}}

Simara também relata que as pessoas sempre tiveram muito preconceito com relação à comprar peças de segunda mão. Os valores culturais, passados de geração em geração, são difíceis de se mudar. Porém, com a Covid 19, e o grande impacto econômico na vida de todos, ela começou a perceber alguns hábitos mudarem.

Consumo nos brechós

A cultura de comprar em brechós faz parte da vida de muitas pessoas. É o caso da Raquel Mendes, designer de moda, que desde sua adolescência, costuma frequentar esses locais. Ela acredita que ter um estilo definido te ajuda na hora de fazer compras:

Ter um estilo definido e saber o que gosta é importante para uma compra consciente. Saber o que vai realmente usar, conta a designer de moda.

Raquel também é criadora de conteúdo digital, onde compartilha em seu perfil no Instagram chamado Roupas Viajantes, dicas de lugares e viagens, além, é claro, de publicar fotos dos “looks do dia”, usados por ela nos passeios, colocando-os à venda, como desapegos em sua própria página.

A iniciativa deu tão certo que ela também abriu um espaço no perfil, o “Desapegos de segunda”, para incentivar seguidores e amigos a anunciar seus desapegos. Toda segunda-feira essas peças são publicadas nos stories.

Dicas!

Se você também quer buscar alternativas na hora de garantir aquele look, mas não quer nenhum erro, optar por comprar nos brechós é uma ótima opção. Aqui vão algumas dicas para te ajudar:

• Separe um tempo para ir fazer a curadoria nos brechós.
• Defina seu estilo e garanta peças que você se identifique, mas sem comprar apenas por comprar.
• Aposte em roupas curingas, com cores neutras, jeans e alguns tecidos sociais, para conseguir criar várias opções de looks.
• E o fundamental, é claro, experimente sempre o que separar, antes de levar.

Seja qual for o seu estilo, o importante é vestir aquilo que te faz bem e além disso, é sempre bom pensar no consumo de maneira sustentável. Os brechós estão aí, espalhados pelo mundo e tem para todos os estilos, gostos e bolsos.

Esses espaços se tornam não só locais de compra e venda de produtos, mas também de laços de amizade e novas oportunidades de emprego. Além de novas formas de consumo que serão transmitidas às próximas gerações, deixando um grande legado para o mundo da moda.