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Copenhagen Fashion Week: tudo que você precisa saber

Copenhagen Fashion Week – Sempre que falamos de semana da moda, logo vem à mente Paris e Milão. Claro, as marcas mais influentes estão localizadas nesses dois grandes centros, ditas como capitais da moda. Contudo, existem outros lugares que são influentes na indústria da moda, mesmo possuindo reconhecimento menor, são bastante promissoras e importantes. A principal e menos falada é a semana de moda de Copenhagen. 

A Copenhagen Fashion Week vem ganhando casa vez mais popularidade em meio a um mercado internacional bem saturado. Só para exemplificar, nos últimos anos, está sendo conhecida como a semana de moda mais emocionante e importante diante a um público global. Entretanto, os shows são pequenos, onde os designers são relativamente desconhecidos fora da Dinamarca – agora que estão ganhando visibilidade. Mas, como ela surgiu e por que é tão importante e famosa assim? Vamos contextualizar um pouco antes de falar os destaques dessa semana, que ocorreu dos dias 7 a 11 de agosto. 

Copenhagen Fashion Week
Inúmeras palestras ocorreram durante a CPHFW (Reprodução/Instagram)

Sobre o evento

Copenhagen é a capital da Dinamarca e conhecida pela sua arquitetura inovadora e seus restaurantes premidos. Mas, você deve estar pensando onde a moda se encaixa nessa cidade consideravelmente pequena. A união entre os dois surgiu em 2006 e foi resultado da fusão das feiras de roupas dinamarquesas anteriores, Dansk Modeuge e Dansk Herremodeuge, que datam da década de 1950. A Copenhagen Fashion Week é de propriedade do Danish Fashion Institute.  

O evento demanda de todas as marcas selos de sustentabilidade, produções e processos têxteis transparentes. Dessa maneira, as marcas em sua programação têm que atender aos seus 18 requisitos sustentáveis mínimos, que abrangem seis áreas principais: direção estratégica, design, escolhas inteligentes de materiais, condições de trabalho, engajamento do consumidor e produção de shows. 

Esse apreço e preocupação com a moda consciente é desde 2018, quando Cecilie Thorsmark se tornou a CEO do evento e ficou à frente da Fashion Week. Ela foi a grande responsável por ajudar a tornar os shows ainda mais sustentáveis, a partir de projetos e requisitos, com o objetivo de anular o desperdício que a indústria têxtil causa.  “É um marco muito significativo para a Semana de Moda de Copenhagen”, diz Cecilie Thorsmark. “Dois anos atrás, nem todas as marcas no cronograma atenderam aos requisitos.

Portanto, agora podemos ver que essa estrutura acelera a mudança na indústria – muito progresso foi feito.” complementou. Esta temporada de outono inverno 2023, marca a primeira vez que os requisitos foram totalmente implementados, após uma série de testes piloto nos últimos dois anos. 

Cecilie Thorsmark
Cecilie Thorsmark (Reprodução/Instagram)

Sustentabilidade e novos talentos

Apesar de priorizarem a criação da moda com consciência ambiental e produção ética, a capital dinamarquesa não se preocupa apenas com o planeta, ela também se preocupa em nutrir novos talentos. A cidade abriga vários programas e iniciativas destinadas a ajudar designers emergentes a iniciar suas carreiras. Sem dúvida, esse apoio a novos rostos contribuiu para uma cena de moda próspera e dinâmica em Copenhague, a moda consciente. 

Além disso, existem outros diversos fatores chaves que fizeram com que a CPHFW se tornasse popular. Só para ilustrar, um aspecto seria sua ênfase no minimalismo, na simplicidade e no olhar progressista, valorizando muito mais a criatividade do que a ostentação. De acordo com as regras, os designers dinamarqueses tendem a favorecer linhas limpas e organizadas, criando uma estética atemporal e clássica extremamente popular em todo o mundo. 
 
Mas não se trata apenas de estética, é também conhecida por seu artesanato de alto nível e atenção aos detalhes. Os estilistas dinamarqueses são conhecidos por criar roupas duráveis ​​e bem feitas que resistirão ao teste do tempo. Ademais, se tornou referência no street style, muitas tendências surgem das passarelas e das ruas dessa cidade.   

O street style da Copenhagen Fashion Week

É nas ruas que saem as criações, inovações e inspirações. A moda não é movimentada apenas pelos estilistas, mas também pelo urbano e cotidiano das pessoas. Provavelmente, isso acontece pelo simples fato de que nas ruas se observa a individualidade de cada ser vivo. E sempre em tempos de desfiles, as pessoas se tornam cada vez mais criativas e únicas.

Desse modo, a Copenhagen Fashion Week é um exemplo disso, uma das cidades mais influentes pelo seu street style audacioso com looks autênticos e engenhosos – não brincam em serviço e fazem de suas vidas a própria passarela. Usam e abusam de estampas, texturas e cores, para crir, a partir do artesanato e da modernidade, algo revolucionário.  

Copenhagen Fashion Week
O street style da CPHFW (Reprodução/Instagram)
Copenhagen Fashion Week
O street style da CPHFW desperta atenção por ser um dos mais criativos em suas peças (Reprodução/Instagram)

Influencers brasileiras na Copenhagen Fashion Week

Influenciadoras foram acompanhar de perto a temporada da CPHFW, “as pessoas são muito diferentes uma das outras, cada uma tem seu estilo; diferente de outros lugares, com as mesmas coisas e tendências. Por isso, aqui é tão diversificado, cada um vai com o que quer e gosta.”, disse a influencer brasileira Livia Nunes, it-girl do momento que esteve acompanhando, pela segunda vez, de pertinho a CPHFW.

É nítido como ela se joga nos looks, quando está nessa semana de moda. Sai totalmente do básico e faz looks super cool e fresh, com muitas  estampas, sobreposições e cores. Além dos penteados e maquiagens diferentes que trazem o complemento. É quase uma nova personalidade, que nos surpreende cada vez mais.  

Livia Nunes
A influencer brasileira, Livia Nunes compareceu na CPHFW (Reprodução/Instagram)

Larissa Cunegundes para a Elle Brasil

Além da it girl Livia, não podemos deixar de ressaltar a jornalista e, nas horas vagas, influencer: Larissa Cunegundes, que esteve presente na CPHFW, onde atuou como correspondente da revista “Elle Brasil” e fez a cobertura completa dos desfiles no Instagram.

Sempre falamos como é importante dar valor e crédito as marcas brasileiras. Afinal, como podemos enobrecer as marcas internacionais, sem saber de nossas raízes e frutos. Na verdade, é fácil falar sobre isso, mas difícil exercer na prática. É um número muito grande de pessoas influentes que não possuem esse mindset. Contudo, Larissa, sem desapontar, soube trazer suas cultura para a Copenhagen Fashion Week. Além de enaltecer a beleza brasileira.

“Eu sempre faço questão de conhecer novas marcas e consumir a moda brasileira”, disse a jornalista de moda em seu Instagram. “Por isso, todos os looks que trouxe para os shows são de marcas brasileiras”, complementou. Seu street style contou uma história e foi especial. Ela levou para as terras dinamarquesas, roupas feitas por brasileiros. Foram marcas como: Aluf, Lo de Lui, Morena Rosa, Arezzo, Colcci, Haight e Von Trapp. Todas passaram por ruas e desfiles da mais nova renomada CPHFW.

Copenhagen Fashion Week
A jornalista e influencer, Larissa Cunegundes (Reprodução/Instagram)
Copenhagen Fashion Week
Look usado no segundo dia do evento (Reprodução/Instagram)

Nessa temporada de summer/spring 2024, a programação contou com inúmeras marcas promissoras. Aqui citamos algumas que tiveram seu destaque.  

Saks Pott 

No primeiro dia de desfile estava nublado, ventando e chovendo, mas nada abalou Cathrine Saks e Barbara Potts, fundadoras de Saks Pott. “Esta natureza imprevisível é parte integrante do verão dinamarquês”, disseram aos convidados, “nos ensinando a valorizar cada dia de sol como se fosse o último.” Dito isso, fez jus ao verão e trouxe uma coleção bastante colorida.  

A dupla reeditou silhuetas famosas de peças anteriores em novas cores e materiais para trazer uma ‘nova perspectiva’ ao seu trabalho – uma jogada inteligente que remonta à popularidade de seus casacos Cappotto, com os quais eles fizeram seu nome ao longo de várias temporadas.

O desfilou abriu com a Alana Hadid (irmã da Bella e Gigi Hadid), que fez sua primeira estreia como modelo. Ela entrou vestindo uma saia de paetê azul com calça jeans por baixo, uma tendência que encontramos em outros desfiles – saia com calça. Além da jaqueta de couro caramelo a rasteirinha metalizada. Já logo de início, vemos a mistura de tecidos e texturas.  

Coleção da Saks Pott (Reprodução/Instagram)

A. Roege Hove 

A. Roege Hove, a marca conceitual da designer dinamarquesa local Amelia Roege Hove, abriu a semana de moda de Copenhagen, além de ser anunciada como “uma marca conceitual de malhas”. Nesta temporada, Amelia incentivou uma silhueta cotidiana por meio de seus designs conceituais, com sua coleção sustentada pela sensação de facilidade cotidiana. 
 
Entre os looks, uma saia midi suavemente plissada estilo anos 1990, boleros cinza com nervuras, que a maioria do público desejava vestir em cima de seus conjuntos de verão e os vestidos quase de penas. De uma forma bastante nova, a estética despojada do show parecia adequada ao clima. 

Coleção composta por malhas (Reprodução/Instagram)

Nicklas Skovgardd 

Muita teatralidade, perfomance e dramaticidade para a conta! Assim como Marc Jacobs em seu desfile de outono de 2023 na Biblioteca Pública de Nova York, Nicklas Skovgaard optou por abandonar a passarela convencionais e fez uma exposição que só pode ser descrita como uma performance artística magistral. 
 
Skovgaard parece ter transcendido as fronteiras temporais,  relembrando as eras supervisionadas por Galliano e McQueen. O designer, como artista, tem o olhar , a compreensão e a pespicácia para as mulheres que desdenha. O show foi quase uma história habilmente construída a partir das dualidades e da descontrução das noções pré concebidas, como: ela é uma donzela ou uma provocadora? 

O desfile começou com uma modelo, vestindo um casaco cinza até o tornozelo com buracos para fora, emergindo de trás da plateia. Ela tirou o casaco, revelando um par de calças quentes e nada em cima, antes de caminhar entre as cortinas pretas que formavam uma sala quadrada no meio do grande corredor.

Depois, um senhor idoso começou a tocar órgão enquanto as cortinas eram abertas, revelando 10 a 15 manequins espalhados pelo chão. A modelo passeava usando um chapéu e uma jaqueta de penas combinando pendurada no ombro. E foi assim o show todo, apenas uma modelo, trocando vários looks, e os manequins.  

Coleção de Nicklas Skovgaard (Reprodução/Instagram)

Stamm  

Sabe aquelas fotos tiradas em filme na infância e que está super voltando para as mãos das pessoas amantes da boa fotografia? Muitas vezes, essas fotos são perdidas ao longo dos tempos. Porém, Elisabet Stamm fez questão de abrir o baú de sua casa e reviver o passado de sua vida.  

“São fotos muito ruins da minha infância, mas eu meio que senti vontade de mostrar algo com o qual me senti conectada e que me deixou feliz e essas foram essas memórias”, ela compartilhou nos bastidores. ‘De uma forma abstrata, embora sejam minhas memórias pessoais, espero que muitas pessoas possam [conectar-se] a isso.’ , complementou.  

Mais relatos foi feito pela designer sobre a sua coleção: “A sensação de nostalgia ondulava não apenas pelos motivos, mas também pelos materiais. 90% da coleção foi feita a partir de tecidos mortos ou tecidos que já usei antes. É por isso que também trabalho com impressões digitais porque adiciona uma nova camada a ela”, explicou. 

A coleção, nomeada “Não pare, estamos sonhando”, foi saudosista, feita seguindo o coração e canalizando muito amor. Obras de arte abstratas iluminavam camisetas assimétricas que se agarravam ao corpo, enfiadas em jeans sujos. Imagens borradas do designer montando cavalos enfeitavam vibrantemente moletons jumbo e jaquetas amassadas, enquanto atitudes rock ‘n roll migravam para calças de couro brilhante e correntes ornamentadas. 

Elisabet Stamm (Reprodução/Instagram)

Sunflower 

E voltamos para os icônicos anos 1970 e 1980. Com a soundtrack “White Horse” de Laid Back, dos anos 1983, os diretores criativos Ulrik Pedersen e Alan Blond trouxeram tendências atemporais e descontraídas, em forma de perfomance nas passarelas.  

A marca dinamarquesa continua a homenagear a clássica alfaiataria masculina como base fundamental de seus designs. Reunindo-se para a coleção desta estação, a Sunflower combina coletes de moto com jaquetas de couro, bem como smoking refinado e boxers florais. É possível perceber a estética rocker dos anos 1970 estampada no desfile. 

A alfaiataria da Sunflower (Reprodução/Instagram)

Paolina Russo na Copenhagen Fashion Week

Estreante na Copenhagen Fashion Week, Paolina Russo não decepcionou. A marca com sede em Londres, fundada por Paolina Russo e Lucile Guilmard, é uma das fãs de Heaven de Marc Jacobs e Diesel, e tornou-se conhecida por suas malhas inspiradas na estética Y2K grunge.  

Jeans folgados de cintura baixa e desgatado, estampas diferentes e conflitantes e acessórios maximalistas e volumosos, looks inspirados no desing tribal. Os designers centraram-se na essência, liberdade e inclusão. 

Paolina Russo trouxe um misticismo paganista para a capital dinamarquesa no início desta semana. Enviando um elenco diversificado de modelos por uma passarela metálica.  

Você deve estar se perguntando como essa marca londrina foi parar na semana de CPFW! Este ano, a dupla foi finalista do prêmio LVMH, vencedora do Prêmio Internacional Woolmark, e agora completou uma série de cobiçados prêmios de moda ao se tornar a primeira vencedora do Zalando Visionary Award. Um desses prêmios foi se apresentar na semana de moda mais ecologicamente consciente do mundo: Copenhagen.  

A esteia de Paolina Russo (Reprodução/Instagram)

Stine goya 

Para seu desfile Primavera/Verão 2024 na Copenhagen Fashion Week, Stine Goya trouxe o mundo à sua porta, levando o conceito de “volta ao lar” a um nível totalmente novo. Socilitando que os convidados fossem para sua própria rua em Copenhague, a marca visava celebrar “a alegria da vida cotidiana na cidade” ao mesmo tempo em que questionava o próprio significado da palavra lar e todas as suas formas. 

“Meu desejo para este show é encorajar nosso público a contemplar o significado de ‘casa’ como uma âncora emocional em nossas vidas. É um lugar onde encontramos pertencimento, consolo e apoio. ‘Casa’ não se limita a um local específico; pode se manifestar nos braços de um ente querido, no riso de familiares e amigos ou no abraço de uma comunidade. ‘Homecoming’ é um convite para valorizar o significado de lar em todas as suas facetas – um abrigo físico e uma conexão emocional sincera”, explica Goya. 

A estilista sabe como fazer a mulher se sentir bem, pois possui o olhar e a compreensão para sua clientela. Da localização única à origem pessoal, é possível observar nesse desfile alfaitaria poderosa que mescla com tecidos leves e suaves, além de ter sido uma coelção bastante alegre e colorida. Embora trouxesse a questão do sentimentalismo, com a busca pelo lar, foi mostrado um conjunto de peças modernas, sutis e frescas, explorano bastante os detalhes que a marca preza em seu DNA.  

Stine Goya na CPHFW (Reprodução/Instagram)

Ganni 

Os convidados foram recebidos no universo Ganni AI quando a diretora criativa Ditte Reffstrup abraçou a controversa tecnologia. A cada temporada, Ganni apresenta a vitrine mais esperada da Copenhagen Fashion Week, e a primavera/verão de 2024 não é diferente. Ditte Reffstrup explorou amplamente o impacto incerto que a inteligência artificial tem em nossas vidas. A coleção é mantida elegante e refinada, ao mesmo tempo em que oferece novas silhuetas que levam a linguagem de design da marca a novos patamares. 
 
Tendo como pano de fundo árvores de raízes pesadas e piso de cimento, a coleção ganhou vida em modelos de todas as formas e tamanhos. Novas técnicas de drapeado foram usadas em vestidos justos que se ajustavam ao corpo em todos os lugares certos, enquanto versões futuristas em miniatura foram desenhadas em couro brilhante. O jeans oversized bordado e os tops enfeitados com flores examinaram as proporções naturais do corpo, seguidos por roupas com franjas prateadas com decoração tridimensional. 

Ganni (Reprodução/Instagram)

Baum Und Pferdgarten  

 “Um cartão postal de Copenhagem”, como foi chamada essa coleção. Com a trilha sonora de ‘Copenhagen Dreaming‘ da Love Shop, a coleção SS24 foi uma carta de amor para a própria cidade; uma exploração calorosa e nostálgica do que faz de Copenhague a querida casa de Baum und Pferdgarten. Nem mesmo o céu cinzento acima poderia ofuscar a alegria em apresentação. 
 
A coleção abriu um leque de conjuntos temáticos náuticos; chapéus de marinheiro brancos vinham gravados com a palavra ‘Copenhagen’s. Parecia uma homenagem adequada às raízes marítimas da cidade, ao lado de sua mais amada das atrações turísticas: a estátua da Pequena Sereia. 

Um pouco de contexto, a marca foi fundada em 1999 e permanece sob a visão especializada dos co-fundadores e diretores criativos: Rikke Baumgarten e Helle Hestehave. Para a dupla de designers, trata-se de encapsular uma auto expressão e individualidade, muitas vezes, por meio de estampas divertidas, paletas ousadas e belos tecidos. 

Baum und Pferdgarten (Reprodução/Instagram)

Escrito por: Maria Eduarda Regis Cândido | Editado por: Flávia Pereira

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