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Estúdio Traça apresenta “Delusionaire” E Nos Lembra Que Delirar É Um Direito

O Estúdio Traça não cria roupa, cria possibilidade.

E em “Delusionaire”, apresentado na Casa de Criadores 56, a marca fecha a noite de quinta-feira com um desfile que é quase um sonho lúcido feito de jeans reciclado, memória costurada e desejo de permanência.

Partindo de códigos já muito seus — como o uso do denim, a construção caótica precisa e o amor pelo upcycling — a marca mostra que reinvenção não é truque. É ofício.

Em parceria com a Levi’s que vai muito além do logo, o Estúdio Traça desmonta, recompõe, torce, reinventa.

Calças viram vestidos, jaquetas viram quase esculturas. E tudo ainda pulsa com frescor.

Delusionaire, como o nome já entrega, flerta com o delírio. Mas é um delírio meticuloso, consciente, politizado.

Um devaneio de quem sabe que o futuro da moda não está em produzir mais, e sim em refazer melhor.

As peças transitam entre o experimental e o usável, o estranho e o desejável. São fetiches de tecido.

Há algo de fetichista na obsessão pelos detalhes, nas amarrações que abraçam o corpo, nos volumes que desafiam o senso comum do que é “acabado”.

O Estúdio Traça costura ideias com a mesma delicadeza com que costura retalhos.

Cada look é uma pequena narrativa de como o desperdício vira desejo. O jeans, esse tecido tão carregado de história, aparece aqui como matéria-prima de futuro.

Um futuro que é imperfeito por definição — e justamente por isso, absolutamente belo.

No fim, “Delusionaire” nos lembra que delirar é um direito, e que reinventar o mundo pode começar por uma calça jeans antiga, um corte improvável e a certeza de que nada precisa ser descartado quando ainda pulsa.

Escrito por: Gilson Tavares | Editado por: Alice Maria

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