Base da Boca Rosa
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Boca Rosa: Por trás dos 50 tons

Boca Rosa repercutiu bastante nas últimas semanas com o pré-lançamento de sua nova linha de maquiagem. Confira o burburinho!

Após uma parceria de cinco anos, a empresária e influenciadora Bianca Andrade, mais conhecida como Boca Rosa, decidiu encerrar sua colaboração com a Payot e, então, anunciar sua própria marca de cosméticos. Mesmo sem o lançamento oficial, Bianca, com toda sua habilidade comercial, conseguiu promover o assunto, gerando um alto índice de engajamento nas redes, mas, não positivo por completo. Por mais que os produtos possuam conceito e qualidade inovadores para o mercado brasileiro, as redes restringiram-se a comentar mais sobre a mudança na identidade visual da marca Boca Rosa.

Ao se deparar com o mercado de maquiagem brasileiro, compará-lo com esse lançamento e não enaltecer a variedade de tonalidades chega a ser injusto. Estamos falando da maior diversidade de tons disponíveis atualmente no mercado, superando o posto de número um, antes ocupado pela linha de maquiagem da Bruna Tavares, com 30 opções. 

A linha também promete mais qualidade e praticidade, além de ser vegana, hipoalergênica, livre de parabenos e comedogênica. “É uma fórmula inovadora, que transcende a categoria de bases tradicionais, pensada especialmente para a vida agitada das mulheres brasileiras. O Stick Pele é multifuncional: de base, a contorno, corretivo e o que mais a sua criatividade quiser explorar”, explica Bianca Andrade.

Bianca comenta, ainda, sobre o desejo de que todos os consumidores encontrem seu tom ideal, e que, para a missão, a consultoria e ajuda de Tássio Santos, maquiador profissional, foi essencial.

Mas quem é Tássio Santos, afinal?

Tássio Santos
Tássio Santos (Reprodução/Instagram)

Tássio é um jornalista da beleza, especialista em peles negras, com anos de experiência. Seu perfil no instagram e seu canal no Youtube, ambos nomeados ‘Herdeira da Beleza’, possuem diversos conteúdos sobre essa temática e acumulam mais de meio milhão de seguidores. O escritor do livro ‘Tem Minha Cor?’, é também um ativista do movimento, que busca por meio de sua voz, público e representatividade falar sobre o universo da maquiagem voltado para pessoas pretas.

Eu vejo esse projeto como uma materialização de toda uma mudança que há 12 anos eu tenho buscado com a Herdeira da Beleza. Uma marca nacional, poxa, 50 tons… Além de ser algo inédito. E não é que as marcas não sabiam antes como fazer isso. Ou elas não tinham dinheiro ou interesse, né, trabalhando aqui com a realidade. Ou elas não queriam mesmo seguir por esse caminho“, reflete, em entrevista ao portal Africanize.

Porque não há tons mais escuros no mercado?

A nítida dificuldade que o mercado possui em encontrar bons produtos para peles de tonalidades negras não se restringe somente ao Brasil. O que gera curiosidade é porque, mesmo em um país com mais de 54% da população se autodeclarando negra ou parda, ainda exista essa lacuna no quesito diversidade.

A resposta para essa equação é estrutural: Em razão de seu contexto histórico, a população negra possui notória desigualdade que implica em todas as ramificações da vida. O autocuidado é uma delas. 

Segundo o IBGE, Pnad Contínua 2017 e 2018:

  • pessoas negras ganham 42% a menos que pessoas brancas;
  • pessoas negras constituem a maior parte dos desempregados do país.

Os dados apresentados são apenas dois, mas auxiliam na percepção geral do cenário. Para um grupo minoritário, que não possui poder aquisitivo, sua prioridade dificilmente será o consumo de cosméticos. Dessa forma, as companhias só produzem o que vendem e para quem vendem, o que torna desinteressnate o investimento em diversidade de tonalidades escuras.

A beleza e o consumo para a comunidade negra

Mesmo quando existem tons para peles negras, sua qualidade é inferior. Diversas queixas sobre a ‘oxidação laranja’ ou ‘cinza’ de bases e corretivos já foram registradas na internet. Isso dificulta e restringe o acesso de quem quer e pode consumir. Ainda, é importante ressaltar a dificuldade e falta de conhecimento que os próprios profissionais possuem ao tratar peles negras.

É notório, afinal, que essa perspectiva está em transição. Pode-se dizer que em 2017, a cantora Rihanna foi uma das empresárias pioneiras nesse viés de diversidade de tons para maquiagens. A abordagem da Fenty Beauty em relação ao consumo de pessoas negras com certeza revolucionou o mercado da beleza.

As influenciadoras Angélica Silva (angelic4silva) e Maria Machado (mariamachadowm) fizeram resenhas sobre os produtos em stick da Boca Rosa, em suas redes sociais. “Valeu a pena esperar”, conclui Angélica, em seu vídeo no TikTok, onde elogia o acabamento, aderência, resistência e fluidez do produto.

“É muito louco pensar que eu já fui o último tom de muitas bases de marcas brasileiras”, surpreende-se Maria, ao testar os tons mais escuros da base stick pele.

O futuro é diverso!

A parceria entre a expertise de Tássio Santos com a inquietação de Bianca não poderia resultar em outra coisa, a não ser o sucesso eminente. Em entrevista para a Forbes, a influenciadora compartilha que seu faturamento chegará até R$120 milhões neste segundo semestre.

Então, daqui pra frente, essa cartela tão inclusiva e diversificada sirva como inspiração. Sirva como parâmetro pras próximas pensarem em produtos de pele aqui no Brasil. Eu realmente tô grato pela oportunidade. (…) Nossa, tô no topo do mundo”, reconhece Tássio.

Assim como a abrangência da Fenty Beauty fez com que as marcas repensassem suas abordagens, o mercado brasileiro provavelmente se inspirará na determinação e inclusão que a Boca Rosa propôs. É importante levar em consideração que maquiagens que proporcionam diversidade, demonstram-se abertas ao mundo e ao novo, lidando com a realidade das diferenças entre os consumidores, ao mesmo tempo que abraçam a individualidade de cada um.

A possibilidade de escolher um produto de qualidade que combine exatamente com seu tom de pele também é uma forma de empoderamento. A representatividade é uma forma de empoderamento e encontrar pessoas semelhantes ao que você é, em campanhas de comunicação, também é empoderamento. Difícil mesmo será encontrar uma linha que consiga se equiparar ao que a blogueira entregou. A batalha será grande! E é isso que o consumidor quer: Que vença a melhor linha! 

Escrita por: Aymee Thauane Editada por: Letícia Virgínia

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