Balenciaga: A nova era que vai do zen ao gótico

Com overdose de couro, jeans e recortes exóticos, Balenciaga apresentou uma nova proposta na Semana de Alta Costura.

Sons relaxantes, andar calmo e cores leves – essas são características que, até o momento, jamais seriam conectadas à casa de moda espanhola Balenciaga. Entretanto, após o desfile de Inverno 2024 é possível dizer que a marca entra em uma nova fase. Ao som de uma meditação guiada, Demna Gvasalia, o diretor criativo, apresentou uma coleção que resgata a essência tradicional da maison, incorporando elementos de sua própria visão e encontrando um equilíbrio entre o moderno e o clássico.

Os recortes de couro e jeans foram os protagonistas da vez, mas Balenciaga não parou por aí! Os vestidos se revelaram como aposta da estação, uma vez que integraram a segunda metade do desfile. Além disso, os acessórios de cabeça ,  incluindo os modelos mais exóticos, também foram grandes highlights!

Para dar lugar a uma versão mais tranquila para a marca, tons de bege, preto e branco foram predominantes nos visuais. Surpreendentemente, o conforto também não ficou de fora! Calças, moletons e camisetas oversized foram a aposta da vez, fazendo grande referência a Demna, é claro.

Os vestidos

Para aqueles que duvidavam de um recomeço para a Balenciaga, a marca certamente provou que, agora, eles possuem uma nova visão! Em diferentes tecidos e tonalidades, com um padrão que delineia a silhueta do colo aos tornozelos, os vestidos foram destaque. O final do desfile de Fall Winter veio com tudo e, diferente do “normal” para a marca, dessa vez, ao final do desfile, a maison se destacou por algo mais simples: um vestido.

Evidentemente, a visão excêntrica não ficou de fora, sendo representada pela efemeridade da peça. O famoso vestido é uma peça única que só poderia ser usada uma vez na vida. Feito com 47 metros de tecido preto de nylon, foi costurado diretamente no corpo da modelo, dessa forma, fazendo com que se tornasse extremamente especial. 

Rebranding da Balenciaga

O fato de que as integrantes do calendário da Semana de Alta Costura em Paris seguem em constante mudança em suas confecções, não é novidade. Quando falamos de Balenciaga, um desfile com atmosfera pacífica demonstra algo surpreendentemente atípico. A grife sempre foi conhecida por seus elementos diferentes, mas, dessa vez, até mesmo a forma como as modelos caminharam foi mais tranquila. 

Essa “nova era” da Balenciaga espanta os espectadores e pode ser considerada um forte rebranding. A marca vem se envolvendo em mais polêmicas do que o normal, sendo a mais recente gerada por uma campanha publicitária que muitos consideraram inapropriada e insensível. Envolvendo crianças com roupas fetichistas e bolsas de pelúcia, a campanha rendeu à marca muitas críticas nas redes sociais, fazendo-a enfrentar até mesmo um certo cancelamento. 

Diante disso, muitos acusaram a marca de sexualizar crianças e de fazer uso impróprio de símbolos controversos. Em resposta, a grife emitiu um pedido público de desculpas, afirmando que a campanha foi mal interpretada. A empresa garantiu que estava tomando medidas para revisar seus processos internos de aprovação de conteúdo, com intuito de evitar futuras controvérsias. Contudo, o incidente levantou questões importantes sobre os limites da publicidade na moda e a responsabilidade das marcas em suas comunicações visuais.

O novo começo da marca

Apesar da controvérsia, a casa de moda tem demonstrado uma nova direção estética em suas coleções subsequentes, desse modo, sugerindo uma tentativa de redefinir a imagem da marca no mercado. As novas coleções apresentam um design mais refinado, buscando capturar a essência da modernidade e da sofisticação sem recorrer a elementos polêmicos. 

Dessa forma, as mudanças aparentementes indicam um esforço consciente para reconstruir a confiança do público e dos críticos de moda. Com isso, aponta-se para uma Balenciaga que, ao aprender com os erros passados, almeja uma nova visão e um futuro mais alinhado com os valores contemporâneos e as expectativas de seus consumidores.

Redação: Mariana do Patrocínio | Edição: Isabella Messias