
McQueen SS26: sensualidade e selvageria feminina na PFW
Seán McGirr se mostra mais à vontade em assumir a rebeldia e irreverência do nome McQueen com a coleção prêt-à-porter SS26.

“O que acontece quando cedemos, satisfazendo nossos desejos profundos e impulsos inatos? O que é preciso para despertar e nos submeter a esse impulso primordial?”. A fim de responder a essas reflexões, o diretor criativo Seán McGirr assina pela quarta vez as produções da maison britânica e demonstra que vem se debruçando sobre os clássicos de Lee no sétimo dia da Paris Fashion Week.
As notas do desfile referenciam o filme The Wicker Man (1973), o qual narra a história de um policial que, acidentalmente, acaba se envolvendo em rituais pagãos em uma ilha escocesa. Assim, o cenário nos transporta justamente para essa narrativa, com a passarela ornamentada com hastes que iam do chão ao teto, como se fossem as estruturas de ocas feitas de palha.
Instinto subjugando a ordem imposta
Tanto os looks quanto a beleza escolhida reforçam a estética do desejo puro e selvagem. Posto que as modelos desfilaram com os corpos brilhando – como se transpirassem –, olhos pretos dramáticos e cabelos com frizz.
Apesar dessa estética geral, o desfile abriu revisitando a alfaiataria afiada da marca, dessa vez, com bastante pele à mostra, seja pelos decotes profundos, o uso de blazers sem camisa, ou pelas saias e calças de cintura (bem) baixa: o bumster, silhueta lançada por Alexander McQueen no FW96.

Além disso, esse momento inicial também trouxe corsets (com e sem mamilos), camisas acinturadas, saias lápis e ombreiras. Inegavelmente, as ombreiras são o momento nas semanas de moda, mas elas não são as únicas referências dos anos 80 que McGirr apostou. As jaquetas do exército britânico foram desconstruídas e transformadas em minissaias, serviram de adorno em outras peças, e, ainda quando mantiveram sua forma original, foram vestidas com a ironia e a irreverência do nome McQueen.

Destaques da McQueen SS26
- As franjas tomaram conta do desfile, nas bolsas, saias, vestidos e blusas halter neck;
- A roupa íntima à mostra – e até mesmo a ausência dela – chamam a atenção e agregam à estética da libertação de desejos reprimidos;
- As silhuetas são volumosas, seja na região dos ombros, ou totalmente exageradas, como nos casos dos vestidos com babados e parachutes;
- “Florais? Na primavera…” Sim, e, na pegada extravagante, eles vêm em 3D;

O poder bruto da natureza

Contudo, na segunda metade da McQueen SS26, o desfile muda de tom, se torna mais agressivo e marcante. Nesse momento, a música ajuda a pesar o clima enquanto as criações exploram predominantemente o preto, o vermelho, o couro e a transparência. Por fim, aqui Seán traz o poder do feminino e sua sensualidade bruta, e faz desse o ponto alto do desfile, com o clímax sendo o visual de seda e organza completamente bordado, que cruzou a passarela como uma chama em movimento, em tons de preto, amarelo e vermelho em degradê.

Escrito por: Carolina Braz Coutinho / Editador por: Maria Clara Machado
